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Visão | Ayrton Senna partiu há 30 anos. Como foi o fim de semana trágico que vitimou outro piloto de Fórmula 1

Visão | Ayrton Senna partiu há 30 anos. Como foi o fim de semana trágico que vitimou outro piloto de Fórmula 1

No dia em que se completam três décadas sobre a morte do lendário brasileiro, a VISÃO recorda os acontecimentos desse fatídico Grande Prémio de São Marino, à boleia das memórias de Pedro Lamy. O português, que cumpria a sua sétima corrida no grande circo e também se envolveu num aparatoso acidente, tinha-se cruzado na véspera com um Senna "transtornado" que lhe disse para dar graças a Deus por estarem vivos. Neste texto publicado na edição do 24º aniversário da VISÃO, em 2017, Lamy partilhou como viveu esse fim de semana de 30 de abril e 1 de maio de 1994, em que a preocupação com a segurança esteve sempre presente na cabeça dos pilotos

“O que é que eu estou aqui a fazer?” A dúvida não sai da cabeça de Pedro Lamy. E, à medida que as horas avançam naquele fim de semana de 1994, em São Marino, torna-se cada vez mais presente. Aos 21 anos, o piloto português da Lotus está nas nuvens com o ingresso na Fórmula 1, cumpre o seu sétimo Grande Prémio na categoria máxima do desporto automóvel e, no entanto, a sequência de acontecimentos no circuito de Imola atormenta-lhe o espírito como nunca.

Na sexta-feira, Rubens Barrichello sofrera um acidente brutal na primeira sessão de qualificação, ao sair em frente numa curva, a mais de 220 km/h. O carro do brasileiro deu voltas no ar e aterrou “de cabeça para baixo”, o lado direito desfeito em mil pedaços. Inconsciente, Rubinho recuperou os sentidos no centro médico do circuito, com um diagnóstico quase divino: nariz partido, braço e costelas doridas.

O destino de Roland Ratzenberger, no dia seguinte, é bem diferente. O piloto austríaco, de 33 anos, não resiste ao impacto a mais de 300 km/h com a barreira de proteção, durante a última sessão de qualificação para a corrida de domingo, dia 1 de maio. Transportado de helicóptero para o hospital, a sua morte é anunciada no circuito 40 minutos após o acidente.

Com o “grande ponto de interrogação” a ganhar força na sua cabeça, Lamy decide visitar Barrichello, que já anda de novo por Imola após ter passado a noite no hospital. Quando chega à autocaravana do brasileiro, Ayrton Senna está a sair. “Muito transtornado”, desabafa o português: “Dá graças a Deus por estarmos vivos.” O tricampeão do mundo bate-se por mais segurança na F1 desde o arranque da temporada e, na manhã de domingo, Pedro Lamy ouve-o abordar o tema na habitual reunião de pilotos que antecede a corrida.

Assim que acende o sinal verde de partida, mais problemas. O Benetton de J.J. Letho permanece estático, e Lamy, “encoberto pelo carro da frente”, não evita o choque quando tenta escapar pela esquerda. “Não tive ângulo de visão para ver que ele estava ali parado”, recorda, 23 anos depois. “Foi tão rápido que nem deu para me assustar. Tive sorte por não me ter acontecido nada, mas houve espectadores feridos pelos pneus que saltaram para as bancadas.”

Por causa dos destroços, entra em ação o safety car. Na zona da comunicação social, Lamy dá entrevistas às televisões quando a corrida é retomada, à sexta volta. Senna dispara na frente e, logo na volta seguinte, perde o controlo do seu Williams. Esbarra com violência no muro e uma peça solta do carro perfura-lhe o capacete. “Estava a comentar o meu acidente e, de repente, há outro. Era o do Ayrton. Ficámos em choque, sem saber bem o que se passava”, conta o português, referindo-se às horas de incerteza que se seguiram. Quando foi declarado o óbito, Lamy já estava no hospital em Bolonha, mas ainda hoje lhe é difícil acreditar nas “24 horas mais difíceis da Fórmula 1” – assim se refere aos acontecimentos trágicos desse dia.

O acidente fatal de Ayrton Senna, no circuito de Imola, a 1 de maio de 1994 Foto: Alberto Pizzoli/Sygma/Sygma via Getty Images
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