www.rtp.ptrtp.pt - 30 abr. 23:25

Ameaçados de sanções, universitários de Nova Iorque protestam de rosto coberto

Ameaçados de sanções, universitários de Nova Iorque protestam de rosto coberto

O clima de medo e desconfiança instalou-se no acampamento pró-Palestina na Universidade de Nova Iorque (NYU), levando a que os alunos passem a protestar de rostos tapados por receio de sanções, incluindo suspensões e até expulsões.

Em declarações à Lusa sob condição de anonimato, uma estudante relatou a existência de diretrizes por parte do movimento estudantil para que lenços, óculos de sol e máscaras de proteção facial sejam usadas pelos estudantes no acampamento montado junto ao departamento académico John A. Paulson Center, em Manhattan.

"Há uma sensação de medo e impotência", declarou a aluna, acrescentando que vários colegas temem perder os vistos ou bolsas universitárias que detêm.

"Só queremos que pessoas parem de morrer em Gaza. Isso não deveria ser motivo para intervenção policial ou retaliação", advogou.

Durante parte do protesto, os manifestantes colocaram uma fila de guarda-chuvas por cima de barreiras, para que os jornalistas do lado de fora não pudessem recolher imagens. Mais tarde, estes foram retirados.

Na segunda-feira, a NYU anunciou que puniria disciplinarmente os estudantes que permanecessem num acampamento pró-Palestina no campus universitário, onde dezenas de tendas foram montadas.

Já a Coligação de Solidariedade com a Palestina da NYU acusou a Universidade de não estar a negociar "de boa fé", alegando que a direção da instituição de ensino ameaça os alunos com punições e repressão policial.

"Seria uma honra para nós sermos alvos de medidas disciplinares para nos solidarizarmos com a Palestina", disse na segunda-feira Dylan Hernandez, porta-voz do movimento estudantil, citado pela imprensa local.

Na semana passada, o pico dos protestos na NYU foi atingido quando a polícia foi chamada ao `campus` para interromper as manifestações, ação que culminou na detenção de dezenas de alunos e professores.

À Lusa, uma das organizadoras do acampamento apontou que as reivindicações dos alunos passam pelo fim de investimentos da NYU em empresas com ligações à ocupação israelita de Gaza, como fabricantes de armas.

Exigem também o encerramento do pólo da NYU em Telavive, a saída do campus de "polícias racistas treinados pelas forças israelitas", assim como o fornecimento de "amnistia total aos manifestantes pró-Palestina" e a criação da definição de "racismo anti-palestiniano".

Após uma manhã calma, os alunos retomaram os protestos, erguendo cartazes com frases como "A Palestina será livre", "NYU é cúmplice de genocídio", "NYU, tens sangue nas tuas mãos" , "Ouçam os estudantes" e "Fim do cerco a Gaza".

Dezenas de pessoas juntaram-se ao protesto e aplaudiram as exigências dos alunos.

Além de palmas e gritos de apoio, várias pessoas demonstram solidariedade para com os estudantes acampados, levando-lhes comida e produtos de higiene pessoal.

Alguns quilómetros mais a norte, na Universidade Columbia, onde o movimento estudantil pró-Palestina teve início, a direção dessa prestigiada instituição de ensino ameaçou hoje expulsar os estudantes que invadiram um edifício emblemático do campus após a suspensão de vários alunos que também participavam num acampamento.

Esta nova onda de protestos nas universidades norte-americanas contra a guerra travada na Faixa de Gaza entre Israel e o movimento islamita palestiniano Hamas acontece a seis meses das eleições presidenciais nos Estados Unidos, entre alegações de antissemitismo e antissionismo e o direito constitucional à liberdade de expressão.

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