www.publico.ptpublico.pt - 19 abr. 10:33

E você, onde vai estar nos 50 anos do 25 Abril? Eis 25 festas pelo país

E você, onde vai estar nos 50 anos do 25 Abril? Eis 25 festas pelo país

Entre cravos e madrugadas, legos e livros, exposições e canções, apps e televisão, tomámos a liberdade de escolher 25 formas de fazer a festa à revolução, um pouco por todo o país.
No terreiro, de cravo ao peito

A praça lisboeta que os capitães ocuparam em 1974 acolhe agora Uma Ideia de Futuro. Na noite de 24 de Abril, às 22h, as fachadas dos edifícios da Praça do Comércio deixam-se iluminar por uma narrativa em videomapping, em que fotografias de Alfredo Cunha se revelam ao ritmo de música de Rodrigo Leão.

Depois, entram em cena os cerca de 180 músicos chamados o palco para fazerem ecoar canções de Abril, da lavra de Zeca Afonso, José Mário Branco, Fausto, Adriano Correia de Oliveira, Fernando Lopes-Graça e Carlos Paredes. Concebido e dirigido por Luís Varatojo, intercala a música com a narração de textos de Hugo Gonçalves “acerca do Portugal de hoje e do caminho percorrido”, faz saber a EGEAC. Tudo ilustrado por imagens e vídeos, e rematado por Abril é sempre Primavera, um tema inédito composto por Varatojo e Filipe Raposo, com letra de José Luís Peixoto.

Os cravos não faltam à ocasião: se há 50 anos andaram nos canos das armas, agora são para pôr ao peito. Têm a forma de pins, foram feitos por reclusas de Tires e são distribuídos durante a festa. É com eles na lapela que todos podem assistir, à meia-noite, a um momento piromusical sobre as águas do Tejo – com direito “a uma surpresa final”, promete a organização.

Uma Ideia de Futuro tem entrada livre e faz parte das Festas de Abril, um programa maior que leva a celebração do cinquentenário da Revolução dos Cravos a galerias, museus, teatros e outros espaços da cidade.

Foto Uma Ideia de Futuro em videomapping Alfredo Cunha Em palco (e disco) na madrugada

A Madrugada Que Eu Esperava é um musical cheio de amor, ideais e cravos. Está em cena no Teatro Maria Matos, em Lisboa, até 28 de Abril (quarta a sábado, às 21h; domingo, às 17h; 20€ a 25€), de onde segue para o Coliseu do Porto a 30 e 31 de Maio (às 21h; 15€ a 35€).

Transporta-nos para a Lisboa de 1971, quando faltava um punhado de anos para a liberdade e mais uns quantos para nascerem as cantoras-compositoras-tornadas-actrizes que dão vida e música ao espectáculo: Carolina Deslandes e Bárbara Tinoco. A encenação é de Ricardo da Rocha. O texto, de Hugo Gonçalves.

A 25 de Abril, o espírito da peça extravasa do palco para os escaparates. Nesse dia, é editado um disco derivado do espectáculo, “uma ode à liberdade” em que convidados como Jorge Palma, Sérgio Godinho, Paulo de Carvalho ou Luísa e Salvador Sobral juntam as suas vozes às de Deslandes e Tinoco.

Foto A Madrugada Que Eu Esperava: amor, ideais e cravos DR Em linha com a liberdade

O Museu do Carro Eléctrico, no Porto, alinha nas comemorações do cinquentenário do 25 de Abril pondo a Liberdade em Linha. Entre os dias 25 e 28 de Abril, os passageiros que embarcarem nos eléctricos históricos da Linha 1, entre as 16h e as 18h, são presenteados com momentos de poesia sobre liberdade durante a viagem – e sem pagarem mais por isso.

Nas páginas de um livro censurado

De uma escola de Paços de Ferreira à Toca das Artes em Lisboa, passando pela Casa do Povo de Alcantarilha e por cafés, bares, bibliotecas e muitas livrarias de todo o país, são 50 os espaços contemplados com Noites dos Livros Censurados. É uma iniciativa do Plano Nacional de Leitura, com a APEL e o PÚBLICO como parceiros. Realiza-se entre 22 e 28 de Abril numa série de locais informais, onde se fazem ouvir bem alto as palavras outrora riscadas pelo lápis azul.

Pode assumir a forma de uma leitura simples, a várias vozes, em roda, à desgarrada, em coro. Pode ser uma encenação. Também valem canções, poemas, outras artes e brindes a acompanhar. Ou fazer da ocasião um mural. Ou mesmo criptografar um texto, como se fosse clandestino, para depois o descodificar.

O importante é que se cumpra o objectivo de “celebrar os livros como resistência e o papel que a literatura tem desempenhado no desafio aos regimes”, regista a nota de intenções, e “lembrar autores que foram e continuam a ser censurados ou banidos”.

Além de elencar os 50 locais seleccionados, o site oficial disponibiliza uma lista de livros escritos em português que foram censurados durante o Estado Novo, bem como sugestões para os trazer à leitura em liberdade.

A dar a arte ao manifesto

A Casa das Histórias Paula Rego, em Cascais, recorda o sentido de crítica, desafio e resistência à ditadura manifestado pela pintora há mais de 60 anos. Uma nova exposição resgata o nome – e a maior parte das obras – da primeira individual da artista, realizada em 1965, na Sociedade Nacional de Belas Artes, em Lisboa.

Paula Rego: Manifesto complementa-se com documentação da época, dezenas de peças referentes ao 25 de Abril e ao período pós-revolucionário, e ainda uma selecção de obras em que a artista foi expressando as suas posições políticas relativamente a questões como o aborto, por exemplo. O conjunto pode ser visto até 6 de Outubro (excepto segundas-feiras), das 10h às 18h, por 5€.

No espírito da revolução

25 de Abril de 1974, Quinta-Feira. A data da revolução empresta o nome à exposição do fotojornalista Alfredo Cunha, que nos leva ao dia em que a liberdade saiu à rua, mas também ao pré e ao pós-revolução.

Com a cumplicidade dos textos de Carlos de Matos Gomes, Adelino Gomes e Fernando Rosas, das gravuras de Vhils e de uma projecção multimédia de Miguel Brugo Rocha com música de Rodrigo Leão, a mostra inclui fotografias que traçam “os antecedentes, a sequência hora a hora do dia decisivo e as convulsões de um país em transformação acelerada”, dita a sinopse.

Um testemunho do espírito da revolução que está espalhado pelo país – pode ver-se, por exemplo, no Jardim da República de Santarém (até 27 de Abril), no Museu de Almada (até 28 de Setembro), na Galeria Artur Bual da Amadora (até 23 de Junho), na Galeria Municipal de Barcelos (até 23 de Julho) ou no Centro Cultural de Paredes de Coura (até 22 de Dezembro) – e pode também ser folheado no livro homónimo, lançado em Novembro passado.

Foto O espírito da revolução em 25 de Abril de 1974, Quinta-Feira Alfredo Cunha Na história de uma canção

Saída da pena do poeta-cantor José Afonso, Grândola, vila morena foi o tema escolhido pelo Movimento das Forças Armadas para dar seguimento à Revolução dos Cravos. Com lugar reservado na história portuguesa, a canção-senha dá agora o tom a uma viagem interactiva e imersiva que começa a 14 de Maio de 1964, no espectáculo dado por Zeca Afonso no salão da Sociedade Musical Fraternidade Operária Grandolense, e segue caminho até aos dias de hoje, na própria terra da fraternidade que a inspirou.

Com inauguração marcada para o dia 20 de Abril, no edifício dos antigos Paços do Concelho, o Núcleo Museológico Grândola, Vila Morena percorre, passo a passo, a história do poema transformado em canção, com a traça (e a graça) do cante alentejano, levando também os visitantes a vivenciar experiências como a de “sentar-se no escritório da Direcção Geral da Segurança, pegar no telefone e ouvir o relatório redigido pelos agentes da PIDE que assistiram, no Coliseu de Lisboa, ao I Encontro da Canção Portuguesa, onde José Afonso cantou (…) acompanhado por milhares de vozes” ou a de recriar, num estúdio de gravação, a sua própria versão do tema e partilhá-la nas redes sociais.

A abrilhantar o espaço está ainda o mural artístico de Mariana Santos, que tem por base a fotografia de um ensaio que juntou José Mário Branco, José Afonso e Francisco Fanhais, captada por Patrick Ulmann, e que nesta instalação “aumenta à medida que se ouve o arrastar dos pés dos três cantores no saibro, tal como na canção”, assim descreve a nota de imprensa.

A reinventar a revolução com uma app

No cinquentenário de Abril, e num lugar onde o povo é quem mais ordena, a possibilidade de dar uma nova vida à revolução está ao alcance de cada um. Foi neste terreno fértil que Abril Saiu à Rua - 5.0. Aliando as dimensões educativas e tecnológicas à sensibilização para a preservação e valorização do património, o projecto propõe um “roteiro de revisitação dos murais que marcaram as ruas de Portugal no período pós 25 de Abril”.

Com o mapa disponível numa app (web e móvel), complementado com coordenadas e descrições, a ideia passa por criar novos murais virtuais ao gosto do utilizador e sempre em diálogo com os elementos gráficos produzidos há 50 anos. O resultado pode depois ser partilhado na plataforma e, até, projectado “numa parede de uma qualquer rua”, utilizando a realidade aumentada disponível na aplicação móvel.

Muito atractiva para jovens, mas aberta à criatividade de todas as idades, a iniciativa conta com o apoio do programa Arte pela Democracia, promovido pela Comissão Comemorativa 50 anos do 25 de Abril em parceria com a Direcção-Geral das Artes.

Com Salgueiro Maia, na Santarém de 1974

“Meus senhores, como todos sabem, há diversas modalidades de Estado: os estados socialistas, os estados capitalistas e o estado a que chegámos. Ora, nesta noite solene, vamos acabar com o estado a que chegámos!” Estas palavras, proferidas por Salgueiro Maia perante 240 homens, no célebre discurso que antecedeu a saída para Lisboa, voltam a ser ouvidas em Santarém 50 anos depois.

O encontro está marcado para as 21h30, na antiga Escola Prática de Cavalaria de Santarém, de onde partiu a coluna militar que haveria de ocupar a Praça do Comércio, em Lisboa, e depois avançar para o Largo do Carmo, dando início ao fim do Estado Novo.

É ali que é levado à cena o espectáculo comunitário Esta É a Madrugada Que Eu Esperava, que relembra os acontecimentos dessa noite segundo um texto do coronel Joaquim Correia Bernardo – capitão de Abril que planeou o golpe com Maia – e com encenação de Rita Lello. Os bilhetes ficam a 2,50€. Uma hora depois, todos podem assistir gratuitamente à recriação da saída dos tanques. E, no dia 27, às 11h, no Largo do Município, à reconstituição do regresso das tropas vitoriosas.

É o ponto alto do vasto programa de comemoração do cinquentenário do 25 de Abril alinhado pela autarquia escalabitana. Inclui fotografias de Alfredo Cunha no Jardim da República, a exibição do filme As Armas e o Povo no Jardim do Seminário, a peça Guião para Um País Possível no Teatro Sá da Bandeira, um homenagem a Salgueiro Maia no Jardim dos Cravos e a inauguração de um mural de arte urbana no Jardim da Liberdade, entre muitas outras manifestações festivas.

A promover Políticas à P’Arte

Um festival cuja cartilha assenta na promoção do pensamento crítico, na reflexão e no diálogo político e cultural por meio de criações artísticas. Assim é o Políticas à P’Arte, iniciativa que, entre 20 de Abril e 1 de Maio, torna a dar corda a Arruda dos Vinhos.

A Arte a Fazer Política dá o mote ao programa que, nesta quarta edição, se mostra por meio de música, teatro, encontros, conversas e uma feira do livro, convocando nomes como Márcia, Cais do Sodré Funk Connection ou Anabela Mota Ribeiro. Já fora do calendário, mas parte do alinhamento, está a apresentação do filme Onde Está o Zeca?, assinado por Tiago Pereira numa co-produção do festival com A Música Portuguesa a Gostar Dela Própria (dia 18 de Maio, às 15h, no Auditório Municipal).

O programa é de entrada livre (excepto concertos, a 5€) e pode ser conhecido ao detalhe em www.cm-arruda.pt.

A marchar pelo quartel

O Quartel do Carmo, um dos lugares lisboetas mais icónicos de Abril – foi ali que Marcelo Caetano se refugiou da revolução em curso, para depois de render aos militares – está de portas abertas a visitas.

A iniciativa, motivada simultaneamente pelo 113.º aniversário da Guarda Nacional Republicana e pelo cinquentenário do 25 de Abril, arrancou a 10 de Abril e só termina a 12 de Maio. Realiza-se de segunda-feira a sábado e feriados, sempre com entrada livre. Além de se passear por salas, corredores, a varanda e outros espaços onde se fez história, o visitante tem acesso ao Museu da Guarda e à exposição temporária A GNR no 25 de Abril.

Em tom revolucionário (e venham mais 300)

Na Casa da Música do Porto, há muito que Abril inspira um ciclo de Música & Revolução. A edição deste ano, que está em marcha desde dia 17, reserva para a véspera do 25 de Abril um concerto que proclama Venham Mais 300. É esse o número de músicos, vindos de escolas e filarmónicas, que formam a mega-orquestra destinada a interpretar novos arranjos para obras de Zeca Afonso e “tantas outras canções geniais que marcaram a música de intervenção em Portugal”, convida o serviço educativo. Está marcado para as 21h, com bilhetes a 8€.

O ciclo prossegue com Abril, um espectáculo que junta ex-combatentes do exército a jovens músicos e estudantes de dança (dia 26, às 21h; 8€), e com Hélder Moutinho a “demonstrar que o fado sempre foi uma canção de protesto” num concerto chamado Freedom (dia 30, às 21h30; 20€).

Em cenas onde tudo e nada aconteceu

No Porto, vão às tábuas duas peças que evocam o 25 de Abril, do que na realidade aconteceu à sua distopia.

No Teatro Nacional São João há Fado Alexandrino com cinco ex-combatentes do Ultramar que se juntam num jantar e partilham reflexões sobre o país que encontraram quando voltaram da guerra e as vivências que os marcaram até ao presente. Escrita em 1983 por António Lobo Antunes e levada ao palco por Nuno Cardoso, a peça é apresentada como um “grande mural para interrogar a nossa história” e retratar o antes, o durante e o depois da Revolução dos Cravos. Está em cena até dia 28 de Abril, com sessões quarta, quinta e sábado, às 19h; sexta, às 21h; e domingo, às 16h (7,50€ a 16€).

Já o Teatro Carlos Alberto abre a cortina a uma produção do Teatro da Palmilha Dentada que assinala a data histórica para a democracia portuguesa debruçando-se sobre o seu contrário. Com a premissa de O 25 de Abril Nunca Aconteceu, traça um retrato de como seria a nossa vida se ainda a vivêssemos em ditadura, personificado pela família Freitas. Para ver até 27 de Abril, quinta e sábado, às 19h; sexta, às 21h; e domingo, às 16h (5€ a 10€).

Com Zeca em Branco

Cristina Branco, que sempre deu voz a diferentes estilos, personas e conceitos, lançou em 2007 Abril, um álbum em que cantava José Afonso – e ao qual era essencial regressar nestes 50 anos da Revolução dos Cravos.

Pautada por canções como Venham mais cinco, A morte saiu à rua ou Os índios da meia praia, a digressão arranca precisamente a 25 de Abril, na Póvoa de Varzim (Cine-Teatro Garrett, às 21h30; 7€). Vila Real (26 de Abril), Covilhã (27 de Abril), Grândola (24 de Maio) e Lisboa (5 de Dezembro) são as paragens seguintes.

Por três Sons de Liberdade

O que é que o cronista sonoro JP Simões, a fadista Gisela João e “folque(lore) muito erudito” de B Fachada têm em comum, para além de serem das vozes com mais personalidade que a música portuguesa tem? Vão visitar o mesmo palco, em breve e à vez, de olhos postos em Sons de Liberdade. É este o título da trilogia que os chama ao Tivoli, em Lisboa.

JP Simões inaugura-a a 24 de Abril, com a primeira apresentação ao vivo do disco de homenagem a José Mário Branco que lançou este ano. No dia seguinte, Gisela Canta Abril num novo espectáculo pejado de bordões revolucionários, ao lado do guitarrista Carles Rodenas Martinez. A 26 de Abril, B Fachada concentra-se num só poeta-cantor da revolução para exclamar Zeca, Zeca e mais Zeca!!!.

Todos os concertos começam às 21h. O preço dos bilhetes para cada um vai de 12,50€ a 25€ (com descontos se comprados em conjuntos de dois ou três).

A encontrar a Liberdade 28

Alfredo Cunha, Ângela Ferreira, Gonçalo Mabunda, Graça Morais, Joana Vasconcelos, José de Guimarães, Keyezua, Vasco Araújo, Vhils e Yonamine estão entre os 28 artistas convocados para uma exposição que, a propósito dos 50 anos do 25 de Abril, “pretende dar voz à expressão artística propiciada pela conquista da liberdade” e à “multiplicidade de encontros” que ela desencadeou.

Com curadoria de João Pinharanda, Liberdade - Portugal, lugar de encontros reúne em Lisboa “olhares artísticos contemporâneos, oriundos dos países que se expressam oficialmente em língua portuguesa” e oferece, segundo a folha de sala, “peças de um puzzle que outros artistas completarão e que nós próprios somos chamados a completar”.

Está patente na UCCLA - União das Cidades Capitais da Língua Portuguesa (Casa das Galeotas), até 10 de Maio (de segunda a sexta, das 10h às 18h), com entrada livre.

A brincar com legos

Com a marca LEGO® Fan Event, a exposição Oeiras BRInCKa está de volta ao Pavilhão Leões de Porto Salvo. Os famosos tijolos coloridos dão forma a construções de animais, cidades, monumentos, comboios e castelos, contabilizando as mais de seis milhões de peças que fazem esta edição, que também vem de cravo ao peito: o tradicional mural, com mais de 100 mil peças, a ser construído pelos visitantes ao longo dos quatro dias do evento, é inspirado nos 50 anos de Abril e nos cravos da liberdade.

Aberta de 25 a 28 de Abril, das 10h às 20h (excepto domingo, em que encerra às 18h). A entrada custa 5€ (dos 4 aos 17 anos e seniores) e 7,50€ (adultos).

A apanhar Ventos de Liberdade

Inaugurada no âmbito do programa 50 Anos do 25 de Abril, alinhavado pela Fundação Oriente para mostrar “os diferentes olhares e perspectivas” da mesma revolução, a nova exposição do Museu do Oriente (Lisboa) reúne as imagens captadas por Ingeborg Lippmnan e Peter Collis, fotojornalistas estrangeiros que acompanharam esse momento histórico.

São retratos de “um país em transe”, nota a folha de sala, de lente apontada também às mulheres, ao país rural e à “paisagem humana no Alentejo no contexto da Reforma Agrária”.

Comissariada por Fátima Lopes Cardoso e Pedro Marques Gomes, Ventos de Liberdade - A Revolução de Abril pelo Olhar de Ingeborg Lippmnan e Peter Collis pode ser visitada de terça a domingo, das 10h às 18h (sexta encerra às 20h), até 19 de Maio. A entrada é livre.

Foto Os testemunhos e as heranças de Abril DR Nas ruas de Beja, entre cravos e manchetes

Em Beja, a revolução sai à rua, ora colada às paredes, com cravos em cartazes, ora a dar notícias de há 50 anos, com primeiras páginas da época.

A primeira corresponde a uma exposição alusiva ao símbolo-mor da revolução: Uma Pequena Luz Vermelha - Cravo, a Flor da Liberdade instala-se nas Portas de Mértola com cartazes da Ephemera, a biblioteca-arquivo de Pacheco Pereira. A outra é Abril 74/75 - Um Ano de Diário do Alentejo - No Calor da Revolução, feita de capas deste jornal nesses anos de mudança e transição, em itinerância pelas freguesias rurais. Ambas ficam activas até 10 de Junho.

São apenas dois exemplos do muito que a cidade alentejana tem para dar às comemorações, que prolonga até ao fim do ano (mais informações no site da autarquia). Mas, para já, a festa de rua culmina em concertos gratuitos de UHF (na noite de 24) e de D.A.M.A. & Bandidos do Cante e Mundo Segundo & Sam The Kid, com fogo-de-artifício pelo meio (na noite de 25), na Praça da República, sempre com entrada livre.

A conspirar com António-Pedro Vasconcelos

António-Pedro Vasconcelos, o cineasta a quem devemos filmes como O Lugar do Morto, Os Imortais ou Jaime, morreu a 5 de Março, aos 85 anos, sem chegar a assistir à estreia do seu derradeiro projecto televisivo: a série documental A Conspiração. A RTP lança-a a 24 de Abril, às 21h30, no primeiro canal.

Resulta de “uma meticulosa investigação” sobre as horas que antecederam a Revolução dos Cravos, com “depoimentos exclusivos de protagonistas que conseguiram concretizar em menos de 24 horas o que em 48 anos muitos outros não haviam conseguido”, descreve a estação pública.

Os nove episódios, escritos e realizados por Vasconcelos, são debitados semanalmente, à excepção do segundo, que é exibido logo no dia 25 de Abril.

A Conspiração RTP Divulgação A Conspiração RTP Divulgação A Conspiração RTP Divulgação A Conspiração RTP Divulgação A Conspiração RTP Divulgação Fotogaleria A Conspiração RTP Divulgação Nas malhas da PIDE

Viana do Castelo dá palco à história de duas mulheres: Leninha, “a mais temida e poderosa figura feminina” da PIDE, e uma das suas vítimas. Numa produção do Teatro do Noroeste - Centro Dramático de Viana, com texto e encenação de Ricardo Simões e interpretação de Marta Bonito, Noites de Caxias contam-se entre 25 e 28 de Abril – quinta, às 18h; sexta, às 21h; sábado, às 19h; e domingo, às 16h – no Teatro Municipal Sá de Miranda. Bilhetes de 4€ a 10€.

Na redacção de um jornal, com Saramago

Lisboa, madrugada de 25 de Abril de 1974. Na redacção de um jornal, estala a discussão entre Manuel Torres, redactor da província, e Abílio Valadares, o seu editor. Com o primeiro a lutar pela verdade jornalística e o segundo, submisso ao poder político, a desvalorizar uma alegada convulsão social na rua, está instalada uma “micro-revolução” no jornal.

Numa narrativa em que, avisou o autor José Saramago, “qualquer semelhança com personagens da vida real e seus ditos e feitos é pura coincidência. Evidentemente”, A Noite escrita em 1979 permanece actual e pertinente.

Vai a palco no ano em que se celebram os 50 anos dessa mesma madrugada, pelas mãos da Yellow Star Company e segundo a encenação de Paulo Sousa Costa. A compor o elenco estão Diogo Morgado, Jorge Corrula, João Didelet, Elsa Galvão, Ricardo de Sá, Luís Pacheco, Henrique de Carvalho, Sara Cecília e João Redondo.

Em digressão pelo país, apresenta-se no Coliseu Porto Ageas a 22 de Abril, seguindo depois para o Casino Estoril (dias 24 e 25), o Centro de Artes e Espectáculos de Guimarães (dias 27 e 28), o Teatro das Figuras de Faro (1 de Maio) e o Centro Cultural da Malaposta, em Odivelas (a partir de 3 de Maio).

Na luta com o Zé Povinho

Na Casa das Imagens de Setúbal podem ver-se documentos, fotografias, cartoons e desenhos de artistas como Sam, Abel Manta, Cid, José Vilhena ou Pedro, utilizados na produção do documentário O Zé Povinho na Revolução, assinado por Lauro António e apresentado como “um repositório de caricaturas e fotomontagens surgidas na imprensa entre 25 de Abril de 1974 e 25 de Novembro de 1975”.

Patente até 7 de Junho, a mostra evoca ainda a personagem popular criada por Rafael Bordalo Pinheiro e vem acompanhada pelo ciclo de cinema E Depois de Abril? Olhares sobre a Juventude em Portugal, em cena até 25 de Maio e com a tela reservada a títulos como Adeus, Pai de Luís Filipe Rocha, Aquele Querido Mês de Agosto de Miguel Gomes, Zona J de Leonel Vieira ou Montanha de João Salaviza.

A exposição pode ser visitada de terça a sexta, das 10h às 13h e das 14h às 18h (ao sábado, até 31 de Maio, apenas no período da tarde; a partir de 1 de Junho, das 15h às 19h). A entrada é gratuita estando, no caso das sessões de cinema, sujeita a inscrição através de casadasimagens@mun-setubal.pt.

A olhar para o Portugal recente

Organizada pelas Galerias Municipais/ EGEAC à boleia dos 50 anos do 25 de Abril, a exposição Factum reúne cerca de 170 fotografias captadas pela lente de Eduardo Gageiro (n.1935), premiado e veterano fotojornalista português. Um retrato do Portugal recente, que testemunha os movimentos políticos, sociais e culturais do país, da década de 1950 até 2023.

O trabalho nas fábricas e no campo, a emigração, a repressão do Estado Novo, as manifestações populares, a revolução e os bastidores da política são alguns dos momentos abordados na mostra, patente no Torreão Nascente da Cordoaria Nacional, em Lisboa, de terça a domingo, das 10h às 13h e das 14h às 18h, até 5 de Maio. A entrada é livre.

A parar para ver

Se andar pela cidade templária e der com um militar totalmente imóvel, a fitar o infinito de arma ao ombro e cravo no cano, não estranhe. É um dos Quadros de Abril habitados por estátuas vivas nas ruas de Tomar, para gravar ainda mais na memória imagens icónicas de há 50 anos. Vão andar – ou melhor, parar – na Praça da República, nos dias 20, 21 e 25 de Abril, entre as 15h30 e as 18h.

De resto, Tomar pára pouco por estes dias, tendo em conta a agitação provocada por Abril Sempre!, um programa cheio de música, teatro, exposições, arruadas, espectáculos comunitários, doçaria e muito mais. Está tudo elencado aqui.

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