rr.sapo.ptrr.sapo.pt - 2 out. 20:17

Como vai ser o futuro do transporte aéreo de doentes pelo INEM?

Como vai ser o futuro do transporte aéreo de doentes pelo INEM?

O Explicador Renascença aborda o transporte aéreo de emergência médica. O INEM tem o serviço assegurado até junho do ano que vem, graças ao prolongamento do contrato por ajuste direto, mas está a estudar outras medidas.
Que soluções são estas?

Neste momento há três cenários em estudo: a abertura de um concurso público internacional para prestação do serviço, à semelhança do que acontece neste momento; Entregar o serviço às Forças Armadas ou, ainda pode ser decidida uma solução híbrida, com a participação de diversas entidades, incluindo meios das Forças Armadas.

A hipótese de entregar o serviço às Forças Armadas já foi várias vezes falada. Há aparelhos e técnicos formados?

A Força Aérea tem uma longa tradição no transporte de doentes. Assegura, de resto, o transporte aéreo nos arquipélagos dos Açores e da Madeira, onde tem um destacamento com um avião C-295 M e um Helicóptero EH 101 Merlin. Também dispõe de um Falcon 50, que é usado para o transporte de órgãos para transplante, e no aeródromo de Maceda, em Ovar, dispõe, ainda, de um helicóptero utilitário Koala - semelhante aos que são usados no combate a incêndios - para transporte e resgate em áreas de difícil acesso em toda a zona norte do país.

Só este ano, a Força Aérea já transportou 654 doentes, num total de 485 missões, e realizou 25 missões de transporte de órgãos para transplante.

O que é que falta para avançar essa colaboração com o INEM?

Falta avaliar as condições, comparar com outas soluções, e escolher a que melhor serve o interesse nacional, segundo explicam Ministério da Saúde e INEM.

O Instituto de Emergência Médica tem estado a trabalhar com a Força Aérea, para testar e avaliar as aeronaves disponíveis, e perceber em que contextos podem ser, tanto no âmbito do serviço de helicópteros de emergência como no transporte integrado do doente crítico.

Mas, em paralelo, está a ser feita uma análise ao mercado, para conhecer a operação noutros países - incluindo fora da Europa - e os valores que são praticados.

E quando é que haverá uma decisão?

Espera-se que ainda este mês. O gabinete de Sérgio Janeiro, presidente do INEM, disse à Renascença que quer lançar o novo concurso internacional o mais depressa possível e, entretanto, a Ministra da Saúde confirmou no Parlamento que o grupo técnico que está a fazer a avaliação vai entregar o seu relatório - que dirá se é ou não possível usar meios das Forças Armadas - até ao fim do mês, apontando como limite o final do ano para o lançamento do concurso.

Ainda falta muito até o fim do atual contrato. Termina no final de junho de 2025?

Sim, mas estes procedimentos levam tempo. E, se acontecer como no ano passado, pode não haver concorrentes interessados em assegurar o serviço pelo valor que Portugal paga, e ser necessário avançar para um novo concurso.

Aliás, se estão lembrados, este assunto deu grande polémica - estivemos em risco de ficar sem helitransporte de doentes. O anterior presidente do INEM acabou por apresentar demissão, e o Ministério da Saúde levou um puxão de orelhas do Tribunal de Contas, que advertiu a tutela para a necessidade de acautelar condições financeiras para abertura de concurso com o preço em linha com os valores do mercado.

De quanto é que estamos a falar?

O atual contrato com a empresa Avincis tem um valor de 12 milhões de euros, para um dispositivo composto por quatro aeronaves: duas médias a operar 24 horas por dia e duas ligeiras a operar 12 horas.

O concurso lançado em janeiro recebeu apenas propostas de duas empresas, e ambas com valores significativamente superiores ao preço base do concurso - os tais 12 milhões de euros/ano.

Para assegurar o serviço com quatro aeronaves, todas a operar 24 horas por dia será necessário atualizar estes valores... Vamos ver até onde é que o Governo está disposto a ir.

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