Opinião de José Miguel Sardica - 2 out. 07:08
A oração como crime no país da liberdade
A oração como crime no país da liberdade
Isabel Vaughan-Spruce foi presa porque estava a rezar - o que, para lá de um gesto de fé, é um ato de liberdade de pensamento e de espírito.
A Inglaterra foi o primeiro país do mundo a consagrar as liberdades de pensamento, de expressão e de imprensa. John Milton defendeu-as com vigor na sua «Areopagitica��, em 1644, meio século antes de a doutrinação liberal de John Locke forçar a revogação, em 1695, do «Licensing Act», que sujeitava todas as publicações ao controlo da censura prévia. Esse pioneirismo permitiu aos ingleses um rápido desenvolvimento da imprensa (o primeiro jornal diário do mundo foi o «Daily Currant», de 1703), em estreita ligação com uma sociedade criativa e crítica, que exigia dos poderes políticos transparência e publicidade. Em nenhum outro parlamento do mundo foram e são os debates tão vivos, participados e ricos como em Westminster, guardiã das mais nobres tradições da “liberty under the law” e do respeito pelo pensamento de cada um.
Saltemos para o presente. Nos finais de 2022, uma cidadã inglesa, Não deve e não pode ser policiado num Estado de direito liberal. A Clínica de Abortos de Birmingham ou os zelotes da autoridade não gostam do ato da britânica; mas é, ou deveria ser, absolutamente sagrado o seu direito a fazê-lo - para mais em silêncio individual. A história está cheia de exemplos de regimes ditatoriais que reprimiram a liberdade de expressão; e tem também exemplos de totalitarismos que comprimiram a liberdade de expressão e também a de pensamento. Numa altura em que o movimento «40 Dias pela Vida» anuncia novos turnos de oração, a partir do início deste mês de outubro, vale a pena lembrar esta história, de perseguição a uma cristã no país da liberdade.