sol.sapo.ptJoana Andrade - 2 out. 18:15

O melhor remédio

O melhor remédio

Recentemente vi uma notícia que me deixou feliz. Dizia que a venda de livros aumentou 7%. Será isto um sinal de esperança? Mas se forem os livros de receitas e autoajuda a liderar as vendas, será um sinal de mais leitores?

Querida avó,

O livro ainda é o que era? Julgo que sim, pelo menos tenho essa esperança. É verdade que há uns anos víamos muita gente a ler (livros ou revistas) nos transportes públicos, ou enquanto aguardavam para uma consulta. Hoje vai tudo de telemóvel na mão, mas julgo que (infelizmente) não vão a ler livros em suportes digitais.

 O ato de “googlar” e ter redes sociais pode ser interessante. Até nos pode facilitar a vida em imensas situações. Mas não podemos ficar dependentes das novas tecnologias.

Quando estudava as bibliotecas eram de máxima importância. Os livros têm um papel único para melhorar a criatividade e o conhecimento das pessoas. São de e extrema importância para a formação de crianças e adultos.

Julgo que este esta também é uma missão das exposições que eu realizo. Uma homenagem às obras e às escritoras, mas também um incentivo à leitura e a criar novos hábitos de leitura.

Fico muito feliz que exista, em Lisboa, a Livraria Bertrand Chiado, reconhecida pelo Guinness World Records, em 2011, como a livraria mais antiga do mundo, e no Porto exista a Livraria Lello, considerada por muitos como a Livraria Mais Bonita do Mundo.

Tens assistido à polémica em torno do livro O Pedro Gosta do Afonso da Maria Jones?  Um livro que deixa a porta aberta às possibilidades. A podermo-nos descobrir sem amarras.

Nos últimos meses tornou-se um alvo preferencial da direita radical homofóbica portuguesa. Viu o seu número de telefone ser partilhado nas redes sociais, a fotografia da sua filha bebé a ser divulgada publicamente e é alvo constante de injúrias, imagina.

Continuamos com Livros Proibidos?!?!

Que seria de nós sem livrarias, sem bibliotecas, sem livros …

Bjs

Querido neto,

Julgo que ler é o melhor remédio para muitas situações. Quando o meu filho vivia fora de Portugal, cada vez que o ia visitar, a primeira coisa que os meus netos faziam é levar-me a conhecer as Bibliotecas e Livrarias da terra onde viviam.

O livro ainda é o que era? Julgo que sim, pelo menos tenho essa esperança.

Através da leitura, vivemos novas experiências, conhecemos outras realidades, descobrimos mais sobre o mundo em que vivemos e também sobre nós mesmos. A leitura leva-nos à reflexão e à introspeção.

Como sabes, adoro passar a tarde numa livraria, folheando as novidades, os clássicos e descobrindo novas histórias.

Quando vivi em Paris, adorava ir à Shakespeare and Company, Esta pequena livraria, é sem dúvida uma das mais famosas do mundo. É mais do que uma livraria – é uma instituição em Paris, lendária por funcionar como sala de estar – e às vezes quarto – por lendas literárias como Ernest Hemingway, F. Scott Fitzgerald, Jack Kerouac e Allen Ginsberg.

Recentemente vi, na RTP, um programa sobre a Argentina e, de repente, mostra a Livraria Ateneu, de Buenos Aires. Que saudades. É das maiores livrarias do Mundo. Era um antigo teatro, não mudaram nada, mas tudo, absolutamente tudo, está cheio de livros. A plateia, os camarotes, as frisas, tudo. É uma maravilha. Devias visitar.

Quando saio de manhã e quero ver toda a gente bem e a rir para mim e bem-disposta é só levar a minha t-shirt que diz: «Dinosaurs didn´t read – so they are extint» Traduzo: «Os dinossauros não liam – por isso se extinguiram».

Traz-me o livro da Mariana Jones urgentemente, por favor!  

Bjs

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