Maria Castello Branco - 1 out. 07:08
Nem Salazar quereria Ventura
Nem Salazar quereria Ventura
Onde está a tal "onda de crimes" de que André Ventura tanto fala? Onde estão os bairros a arder? Onde estão os "bandidos" estrangeiros que supostamente transformam as nossas ruas num campo de batalha? Só nos comícios teatrais, onde Ventura pinta um país à beira do colapso. Um Portugal que, felizmente, só existe na sua cabeça. Uma ficção desenhada para manipular os medos dos seus eleitores. Ventura não está a combater uma ameaça; está a incentivar um ataque contra as próprias vítimas
André Ventura já afirmou, com a sua habitual grandiloquência, que Deus lhe confiou a missão de salvar Portugal. Mas a pergunta que permanece é: que Portugal? Para o Chega, a pátria é um conceito oco, uma bandeira agitada em direções nostálgicas, mas que ignora a História que diz defender. O Chega, enquanto partido de extrema-direita alimentado pela herança racista do colonialismo, repete os gestos históricos do Estado Novo — só que agora com uma perversão moderna: a total exclusão do Outro. Ventura invoca Salazar como quem invoca um santo padroeiro, mas o seu nacionalismo é tão raso e medíocre que nem Salazar o reconheceria.
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