publico.pt - 18 set. 12:05
Hezbollah promete continuar luta contra Israel depois das explosões de pagers
Hezbollah promete continuar luta contra Israel depois das explosões de pagers
Para além de nove mortos, há 2800 feridos, incluindo 200 em estado grave. O Ministério da Saúde do Líbano colocou os hospitais de todo o país em “alerta máximo”.
Um dia depois da explosão de centenas de pagers usados pelo Hezbollah, a milícia xiita libanesa avisou para "o difícil preço que o inimigo criminoso deve esperar pelo seu massacre de terça-feira" e garantiu que vai continuar a sua luta "em apoio a Gaza". Tal como o grupo apoiado pelo Irão, o Ministério dos Negócios Estrangeiros do Líbano atribuiu as explosões a um "ciberataque israelita” e disse que está a preparar uma queixa ao Conselho de Segurança da ONU.
Para além de nove mortos, incluindo uma menina de dez anos e o filho de um deputado do Hezbollah, o ataque deixou 2800 pessoas feridas, a maioria nas mãos e no rosto, 200 das quais com gravidade. Entre as vítimas há vários membros do Hezbollah e também há membros do grupo que foram feridos em explosões na Síria. Um dos feridos é o embaixador do Irão no Líbano.
O Ministério da Saúde colocou os hospitais de todo o país em “alerta máximo” e pediu aos cidadãos para se manterem afastados dos aparelhos de comunicação sem fios. As escolas no Líbano vão estar fechadas nesta quarta-feira.
Um avião militar enviado pelo Iraque já aterrou em Beirute com material médico.
Um membro do Hezbollah, que falou sob anonimato, disse à agência de notícias Associated Press que novos modelos de pagers portáteis recentemente comprados pelo grupo explodiram depois de terem aquecido. O grupo anunciou que o seu líder, Hassan Nasrallah, fará um discurso na quinta-feira.
"De acordo com as gravações de vídeo [...], um pequeno explosivo plástico estava certamente escondido junto à bateria para accionamento remoto através do envio de uma mensagem", escreveu, na rede social X (antigo Twitter) Charles Lister.
O especialista do Instituto para o Médio Oriente, com sede em Washington, isso significa que a Mossad, o serviço secreto de Israel, responsável pelas operações especiais no estrangeiro "se infiltrou na cadeia de abastecimento".
A empresa de Taiwan Gold Apollo disse esta quarta-feira que autorizou o uso da sua marca nos pagers que explodiram no Líbano e na Síria, mas que estes foram fabricados por uma outra empresa, com sede na Hungria.
Num comunicado, a Gold Apollo explica que os pagers AR-924 utilizados pelos operacionais do Hezbollah foram fabricados pela BAC Consulting KFT, com sede na capital da Hungria, Budapeste.
"Segundo o acordo de cooperação, autorizamos a BAC a utilizar a nossa marca para vendas de produtos em regiões designadas, mas o design e fabrico dos produtos são da exclusiva responsabilidade da BAC", pode ler-se.
O presidente da Gold Apollo, Hsu Ching-kuang, disse aos jornalistas que a empresa teve um acordo de licenciamento com a BAC nos últimos três anos,
Entretanto, a companhia aérea Air France suspendeu os voos de Paris para Beirute e Telavive, pelo menos hoje e quinta-feira, devido à situação de segurança. A companhia de bandeira francesa disse que irá "acompanhar em tempo real a evolução da situação no Médio Oriente", explicando que o retomar das ligações com o Líbano e Israel dependerá de "uma avaliação diária da situação" naqueles locais. A Lufthansa também suspendeu os voos de e para Beirute, Telavive e Teerão.