expresso.pt - 18 set. 12:12
“Fazer um curso era meio caminho andado para uma carreira melhor, esse contrato foi quebrado: há uma sensação de injustiça intergeracional”
“Fazer um curso era meio caminho andado para uma carreira melhor, esse contrato foi quebrado: há uma sensação de injustiça intergeracional”
“As pessoas estão a viver numa situação neofeudal, em que dependem dos proprietários de ativos para as suas condições básicas de vida.” Nesta entrevista, William Davies, investigador de economia política britânico na Universidade de Londres, autor de “Os Limites do Neoliberalismo: Autoridade, Soberania e a Lógica da Competição” e de “Estados Nervosos: Como o sentimento tomou conta do mundo”, reflete sobre a falta de esperança generalizada, as promessas que o sistema neoliberal não cumpriu e a desunião entre as pessoas
Em “A Indústria da Felicidade: Como os Governos e Grandes Negócios nos Venderam Bem-Estar” (2015), William Davies mostrava-se preocupado com a forma como os métodos científicos para medir a felicidade tratavam as pessoas puramente como corpos biológicos, em vez de sujeitos cujos desejos e interpretações deveriam ser analisados à luz do contexto político e socioeconómico. Não se tratava de uma negação da ciência, mas do reconhecimento da necessidade de tratar algumas das “causas culturais mais profundas”.
Nos últimos anos, e especialmente na última década, William Davies, sociólogo e economista político britânico, tem investigado como o neoliberalismo se relaciona com a ciência da felicidade, e como a depressão e a ansiedade se generalizaram nas sociedades modernas. Davies, co-diretor do Centro Interdisciplinar de Investigação em Economia Política e professor na Goldsmiths (Universidade de Londres), não coloca o foco no indivíduo, mas no coletivo, e explica, em entrevista ao Expresso, como o neoliberalismo falhou às pessoas e como se construiu uma sociedade descrente: no sistema político e nos líderes, nos especialistas, na comunicação social e no futuro.
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