expresso.ptexpresso.pt - 18 set. 08:20

Bombeiros militares espanhóis já estão no terreno e trabalham nos fogos de São Pedro do Sul

Bombeiros militares espanhóis já estão no terreno e trabalham nos fogos de São Pedro do Sul

Viseu e Aveiro são os distritos “que oferecem maiores preocupações e é para esta região que serão enviados os bombeiros militares espanhóis”. O efetivo é composto por 230 pessoas, da Unidade Militar de Emergências, vindas de Madrid

O país tem 105 fogos ativos no início desta quarta-feira, 27 dos quais assumem especial complexidade. O reforço de meios terrestres vindo de Espanha já fez o reconhecimento e irá atuar na região centro.

“Estamos a proceder a uma análise da situação, perceber se há casas ardidas, não temos feridos a registar e há 27 fogos que merecem particular atenção”, adiantou ao Expresso José Miranda, comandante da Proteção Civil.

Viseu e Aveiro são os distritos “que oferecem maiores preocupações e é para esta região que serão enviados os bombeiros militares espanhóis”, adiantou José Miranda.

De acordo com o comandante “primeiro chegaram duas viaturas, de comando e transmissões que já fizeram o reconhecimento e agruparam a coluna”. São 230 bombeiros espanhóis, da Unidade Militar de Emergências, vindos de Madrid.

“Acabámos de fazer o reconhecimento e vão atuar nas aldeias de Figueiredo de Alva, Vila Maior, Pinho e Pindelo dos Milagres”, contou ao Expresso Vítor Figueiredo, presidente da Câmara de São Pedro do Sul.

Durante a noite algumas aldeias ficaram isoladas, a partir da ponte de Oliveira de Sul, onde o incêndio ameaçou uma bomba de combustível. “Nesta altura temos quatro frentes ativas, e vamos concentrar todos os esforços nestas aldeias”, adiantou o autarca.

O incêndio, que começou na segunda-feira em Soutelo, Castro Daire, atingiu o concelho de S. Pedro do Sul e propagou-se ao de Viseu. “Está a arder a maior mancha florestal, uma mata do Estado, em Côta, com pinhal adulto”, revelou um chefe envolvido no combate às chamas. A meio da manhã todo este perímetro será reforçado com meios aéreos.

Vítor Figueiredo considerou a situação “muito critica e instalou o posto de comando na Câmara Municipal”.

Sem tréguas

Também em Oliveira de Azeméis, fogo que irradiou para Águeda, Albergaria e Sever do Vouga, as chamas continuam sem dar tréguas.

“Durante a noite os fogos libertaram 900 Mw de potência, o equivalente a três vezes a produção elétrica na Barragem da Agueira, ao longo do dia esse valor desceu para os 700 Mw”, detalha Silvia Nunes, investigadora do Instituto Dom Luís.

“Ainda vamos ter vento forte, com a humidade relativa longe dos 50% e com os fogos que estão em curso teremos dificuldades”, adianta Silvia Nunes.

Abílio Pereira Pacheco, investigador de fogos na Universidade do Porto, corrobora o cenário. “Há uma melhoria, muito pequena, das condições meteorológicas, que ainda não são as ideais, estes fogos não se conseguem combater”, explica o cientista.

Fogos “extremamente severos, num quadro de catástrofe em que pouco há a fazer a não ser conter, proteger pessoas, casas e fábricas”, avisa o cientista.

É essa a estratégia seguida pela Proteção Civil. “O combate às chamas é muito complicado, convém gerir as expectativas, assegurar as rendições, combater as novas ignições”, aponta o comandante José Miranda, do Comando Nacional da Proteção Civil.

“A defesa da floresta tem de passar para um plano secundário, essencial é a salvaguarda da vida humana e dos bens”, diz José Miranda.

No Instituto Português do Mar e da Atmosfera, o meteorologista Jorge Ponte adianta que para hoje “é esperada uma subida da humidade relativa, vento a perder intensidade e a rodar para sul, com uma entrada de ar marítimo”, prevê Jorge Ponte. Melhorias grandes só na quinta-feira, “com a queda de aguaceiros, que na sexta-feira se estenderão a todo o território”, conclui o meteorologista.

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