rr.sapo.ptrr.sapo.pt - 18 set. 09:30

​As cidades estão irrespiráveis. Devo usar máscara?

​As cidades estão irrespiráveis. Devo usar máscara?

O ideal é mesmo evitar a exposição ao fumo, porque há gases que as máscaras não conseguem bloquear. Se isso não for de todo possível, o melhor é ter em conta as diferenças entre os vários tipos de materiais de proteção.

Nos últimos dias, diversas cidades cobriram-se de fumo devido à vaga de incêndios que assolou Portugal e é cada vez mais frequente vermos pessoas a usar uma máscara para se protegerem.

Mas será que as máscaras que estamos habituados a usar como barreira para os vírus respiratórios podem de facto ajudar a travar as partículas nocivas libertadas pelo fogo?

A resposta é sim, mas é bom ter em conta as suas limitações e a forma como cada tipo de máscara atua.

Quais os tipos de máscara que devo usar?

Antes de mais, o principal é evitar a exposição ao fumo. Se esta for mesmo inevitável, como acontece, por estes dias, com muitos portugueses, a Direção- Geral de Saúde recomenda a utilização de “máscara/respirador (N95)”.

Para já, a autoridade de saúde não deixa indicações sobre a utilização de outro tipo de máscaras faciais.

O especialista em saúde pública, Ricardo Mexia, sublinha que as N95 garantem a melhor proteção, porque são capazes de filtrar “95% das partículas e nomeadamente aquelas um pouco mais pequenas”.

Isso significa que devemos já por de lado outro tipo de máscaras? Nem por isso, esclarece o especialista. As “outras máscaras podem também ser úteis, apesar de não conseguirem filtrar tantas partículas”.

Assim, a primeira escolha deve ser a N95, sobretudo para quem sofre de algum tipo de problema respiratório.

Quem não tiver acesso a uma N95 pode sempre usar uma máscara cirúrgica, ou na ausência destas, avaliar a utilização uma gola de tecido ou uma máscara têxtil, ainda que, nesse caso, a eficácia diminua ainda mais.

A utilização de duas máscaras cirúrgicas faz sentido?

Pode “haver alguma vantagem”, mas não se obtém uma “duplicação da capacidade de filtração” por sobrepor uma máscara com outra, porque “a malha continua a ser a mesma”, esclarece Ricardo Mexia.

Posso estar tranquilo com uma máscara N95?

Não completamente, sobretudo se sofrer de doença respiratória. Apesar de ser uma ajuda, a N95 é incapaz impedir a passagem de diversos gases que podem causar intoxicação, como é o caso do monóxido de carbono.

Assim, é preciso reforçar a ideia: o ideal, nesta fase, é mesmo evitar a exposição ao fumo. A DGS fez algumas recomendações nesse sentido: manter-se "dentro de casa, com janelas e portas fechadas, em ambiente fresco. Ligar o ar condicionado, se possível, no modo de recirculação de ar", diz a autoridade de saúde.

Também é importante "evitar a utilização de fontes de combustão dentro de casa (aparelhos a gás ou lenha, tabaco, velas, incenso, entre outros)", bem como "evitar atividades no exterior" e reforçar a hidratação.

Qual o real perigo da exposição aos fumos?

A Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP) sublinhou, em comunicado, que com os incêndios são libertadas "grandes quantidades de poluentes com repercussões importantes na qualidade do ar" e com "consequências gravosas" na saúde das populações expostas. As particulas podem 'viajar' por vários quilómetros no ar, o que potencia a agudização de doenças respiratórias crónicas.

“A intoxicação por monóxido muitas vezes é difícil de identificar até a pessoa ficar mesmo em dificuldades", sublinha Ricardo Mexia. "É fundamental se as pessoas começarem a ter algum sintoma, devem efetivamente procurar ajuda diferenciada que possa ajudar a resolver o problema”.

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