visao.ptilopes - 5 set. 11:54

Visão | Treinar sozinho é bom, treinar acompanhado é melhor

Visão | Treinar sozinho é bom, treinar acompanhado é melhor

Não existem dúvidas, tanto empíricas como científicas, que a componente social pode ter um efeito potenciador na prática de exercício físico

É comum vermos pessoas a treinar sozinhas no ginásio, enquanto disfrutam da sua banda sonora favorita pelos auscultadores, a caminhar sozinhas e a pensar nas atividades domésticas que terão de fazer quando chegarem a casa, ou até mesmo a pedalarem sozinhas estrada fora com os pensamentos a vaguearem durante o percurso. Todas estas opções são válidas, uma vez que, ao treinar, a pessoa está a aumentar os seus níveis de saúde. O que sabemos é que treinar acompanhado pode potenciar ainda mais os resultados.

O ser humano é um ser social e esta suposição é empiricamente incontestável. Vivemos, por inerência biológica, em sociedade e o desenvolvimento cultural ocorre quando as pessoas unem esforços em prol de um objetivo comum. A variável relacionamento transporta-nos para uma dimensão de interação entre duas ou mais pessoas. Por exemplo, quando vemos um jogo desportivo, existe uma resposta afetiva mais intensa quando é vivida em grupo. Qualquer pessoa que tenha estado num estádio confirmará facilmente esta afirmação. A componente social, também designada por relação, em termos científicos, é uma necessidade individual definida como sendo a capacidade de uma pessoa procurar e desenvolver ligações e relações interpessoais com os restantes pares no contexto onde se encontra inserido. Também representa o sentimento de vínculo pessoal, emocional e carinho pelos outros. Isso sugere que a relação, a necessidade de sentir conexão com os outros é centralmente importante para a internalização do comportamento. Em termos práticos, a adesão ao exercício físico é potenciada quando duas ou mais pessoas com objetivos comuns se motivam uma à outra.

Um estudo publicado em 2023 mostrou que casais que se motivavam a treinar eram fisicamente mais ativos. Outro estudo mostrou que casais que frequentavam regularmente um centro de fitness em conjunto tinham níveis de frequência quase 15% superiores e menos 37% abandonaram a prática de exercício físico comparativamente a pessoas solteiras. Porém, este efeito motivacional da parte social não diz respeito apenas a relacionamentos amorosos. Uma meta-análise de 44 estudos científicos concluiu que treinar em grupo produziu maiores e melhores resultados a nível físico e mental comparativamente com quem treina sozinho. Inclusive na população envelhecida, parece haver um efeito significativamente positivo na qualidade de vida dos praticantes quando a atividade física é praticando em grupo, destacando que a probabilidade de se manterem fisicamente ativos no futuro será de 36% se as sessões forem realizadas em grupo, reporta um estudo realizado por investigadores japoneses.

. Por exemplo, nos centros de fitness, o conceito de “tribo” remete para um conjunto de pessoas que frequentam regularmente as aulas de grupo, que convivem em harmonia e que apresentam suporte social bastante forte na motivação dos pares. Obviamente que a qualidade das interações também possui um peso considerável na parte motivacional. Assim, destacamos a importância de ter ou procurar pessoas no seu ciclo mais próximo que estejam interessadas em serem fisicamente ativas e assim motivarem-se mutuamente a praticarem regularmente exercício físico a longo prazo. Se for para fazer habitualmente uma caminhada, encontrem na vossa agenda uma data que possa ser consistente ao longo das semanas. Para criar um hábito saudável, a frequência e a consistência são palavras-chave. Outra opção será criar um grupo nas redes sociais para que todos estejam a par das aulas de grupo do ginásio local e assim criarem um suporte social promotor da frequência das aulas em conjunto. Outra forma interessante poderá ser uma notificação digital, por mail ou telemóvel, por exemplo, no local de trabalho, que leve os colaboradores a fazerem pausas ativas ou uma sessão de ginástica laboral. Sabemos que pessoas que treinam em grupo tendem a esforçar-se mais e a motivar os outros a fazer mais e melhor pela sua saúde. Já dizia o provérbio antigo: “Se quer ir rápido, vá sozinho. Se quer ir longe, vá em grupo.”

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Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.

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