Fátima Fonseca - 21 nov. 15:16
O elogio da moderação
O elogio da moderação
Sendo certo que, ganhe quem ganhar a liderança do PS, teremos sempre um líder ao serviço do país, acredito que José Luís Carneiro, com a sua experiência, empatia, pragmatismo e sem sobranceria, é o líder em que as cidadãs e cidadãos confiam e é o líder que o PS necessita para continuar a trilhar um caminho de futuro na sociedade que queremos
Uma delegação do Partido Socialista foi esta semana à localidade alemã de Bad Münstereifel, participar na celebração do 50.º aniversário do partido em conjunto com o SPD, o partido socialista alemão. Este evento acontece num momento em que o PS se prepara para eleições internas e são já muitas as tomadas de posição acerca de quem deve liderar o PS num novo ciclo. É fundamental eleger para secretário-geral a pessoa que melhor interprete os valores e princípios do PS e os aplique de forma pragmática para lidar com o descontentamento social que alimenta populismos que atravessam ideologias.
Por isso, independentemente das qualidades pessoais e políticas que os candidatos têm, um outro fator decisivo na eleição para secretário-geral do PS tem de ser a credibilidade do novo líder para mobilizar, não só os militantes, mas o país para um projeto coletivo a ser sufragado nas eleições legislativas. Assim, mais do que nunca, acima da espuma dos dias e da voragem dos media e das redes sociais, é importante recordar de onde vimos e quem somos. Voltar ao básico, àquilo que a Declaração de Princípios afirma como marcas identitárias do PS.
Desde logo, o posicionamento do partido no campo da esquerda democrática, um campo político que abarca o socialismo democrático, a social-democracia e o trabalhismo como resposta aos problemas do país e às exigências do mundo. Um partido assente no pluralismo de ideias e que conduz a sua ação visando o permanente aperfeiçoamento da democracia e uma sociedade mais livre, justa e solidária.
E a Declaração diz-nos mais: sem perder a sua identidade, o PS mantém-se atento às contribuições e aos desafios de outras famílias políticas reformistas e dialoga criticamente com as restantes forças democráticas, da mesma forma que não hesita perante a “confrontação democrática com os inimigos da democracia, qualquer que seja a sua natureza”.
É em torno desta defesa intransigente da democracia, como sistema político fundado na soberania popular, nos direitos humanos, na lei e na livre competição entre ideias e programas que o PS deve conseguir mobilizar militantes, simpatizantes e todas as pessoas que se revejam num Estado de Bem-Estar com instituições fortes, capazes de agir estrategicamente e regular o mercado para promover o interesse público e o bem comum.
Um Estado dinamizador de políticas para a promoção do trabalho, do emprego e do bem-estar, a proteção social, a redução de desigualdades e a justa repartição de rendimentos, políticas que deram provas ao longo dos ��ltimos oito anos, revertendo um ciclo de empobrecimento e desigualdade ao qual o PS não se resignou e conseguiu reverter, com visão, coragem e determinação.
Por outro lado, parafraseando de novo a Declaração de Princípios, o PS é um partido plural, coeso e fraterno, aberto à sociedade civil e promotor de um clima de respeito e diálogo entre os seus membros. Porque só nesse clima se debate com elevação e sentido de responsabilidade, que, de resto, constitui dever de qualquer militante socialista. E isso só pode suceder com um combate de ideias que não procure medir graus de socialismo, respeitando a experiência dos candidatos e as suas visões e dando espaço para que os militantes possam, com tranquilidade, escolher a liderança com a qual se identificam. Uma liderança que mantenha o partido socialista fiel à sua identidade, sem perder a capacidade de fazer as escolhas que garantam que chegam ao governo apenas os partidos democráticos, com programas credíveis assentes numa visão clara para o futuro do país e para o seu posicionamento no mundo.
. Um líder com consciência da magnitude do desafio que é atravessar uma onda de descontentamento, mas que, com a sua capacidade de ouvir, congregar e de fazer, sem alarde e com segurança, dá a garantia de oferecer um caminho com determinação e credibilidade.
Não é por acaso que a moderação era uma das virtudes cardeais para os gregos. Como afirma Francis Fukuyama, a recuperação de um certo sentido de moderação, tanto individual como comunitária, pode ser a chave para a renovação da própria democracia. A moderação que vem da solidez dos princípios e das provas dadas é a verdadeira firmeza e combatividade que permitirá ao PS continuar a conduzir o país num caminho de progresso e prosperidade.