observador.ptobservador.pt - 21 nov. 22:18

Fact Check. Não há registo de crianças internadas depois de infetadas com o novo coronavírus?

Fact Check. Não há registo de crianças internadas depois de infetadas com o novo coronavírus?

A ideia de que não existem internamentos devido à infeção de crianças pelo novo coronavírus está a ser partilhada novamente nas redes sociais. Dados comprovam o contrário.

As informações falsas sobre a Covid-19 continuam a circular nas redes sociais, com sugestões e insinuações das mais diversas espécies, e neste caso é transmitida a ideia de que os internamentos e casos de Covid-19 em criança não aconteciam.

A pessoa que surge no vídeo, uma médica brasileira, chama-se Maria Emilia Gadelha Serra e diz que “os representantes da sociedades de pediatria, de imunizações [vacinação] e de infecciologia estão a mentir à população”. “Isso é inacreditável”, atira, sublinhando que os internamentos e casos de Covid-19 em crianças não estão a acontecer (numa referência a que 25% dos casos são nesta faixa etária).

As palavras da médica, que reportam a 2022 e voltaram agora a ser partilhadas, são falsas tendo em conta que, ao longo do período da Covid-19, houve vários relatórios a confirmar esses números, em particular um da Academia Americana de Pediatria que revelava que, por exemplo, numa das semanas de janeiro de 2022 (mês antes das declarações), 25,5% dos internados eram crianças.

Na altura, os próprios órgãos de comunicação do Brasil foram perceber as referências usadas pela médica e concluíram que se referia a uma afirmação do médico pediatra Renato Kfouri, presidente do Departamento Científico de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e membro da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), durante uma sessão no Senado do país sobre o certificado de vacinação. O médico defendia que era necessário proteger as crianças já que, no início da pandemia, eram menos visadas proporcionalmente, mas com a proteção dos idosos houve uma mudança proporcional. As crianças, disse na altura Renato Kfouri, “representavam menos de 1% e hoje representam mais de 20 a 25%, dependendo do país”.

A verdade é que, durante toda a pandemia da Covid-19, houve casos e internamentos de crianças, e, usando Portugal como exemplo, os relatórios diários da Direção-Geral da Saúde (DGS) não deixam dúvidas. A título de exemplo, um relatório de agosto de 2022 mostra os internamentos por idades e onde é possível ver que há crianças e jovens infetados, internados (até em unidades de cuidados intensivos) e entre os óbitos.

Conclusão

É falso que não haja registo de crianças internadas devido à Covid-19 e é também falso que esses números não tenham atingido os 25%, como comprova o estudo dos EUA aqui citado. A médica em causa, que falava em 2022, assistiu a uma sessão no Senado do Brasil e contrariou um dos oradores, apontando à inexistência de um número elevado de crianças internadas e até a existência desses mesmo internamentos, que qualquer relatório de entidades oficiais comprova serem verdadeiras.

Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:

FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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