LUIS DELGADO - 19 nov. 18:34
Visão | Costa nada zangado!
Visão | Costa nada zangado!
Os portugueses estão metidos numa alhada, mas a culpa é do PR, da PGR e do MP, mais dos heterónimos que andam por aí, e que inventam acolá
António Costa, o primeiro-ministro, não está zangado com ninguém. Nem com ele próprio. Só está enraivecido, colérico, furibundo e danado. Com o Presidente da República, começando pelo topo, com a Procuradora-Geral da República, com o Ministério Público, com as idas a Belém, e com os heterónimos. O primeiro dos quais – heterónimos, claro! – foi esclarecido em sede de Juízo de Instrução: o Costa é Silva, e não o Costa PM.
A história do dia 7 de novembro ainda não está contada. Há apenas uma narrativa mediática: que deu nota de detenções, buscas, parágrafos. Que resultaram numa demissão, numa queda do Governo e da maioria absoluta, e em legislativas a 10 de março. Como tudo isto aconteceu ninguém sabe. Diz o PM que houve falta de bom-senso, precipitação, e total e absoluta irresponsabilidade. Do Presidente, bem entendido. A palavra golpada não foi dita, nem escrita, mas andou por ali.
António Costa até é capaz de ter razão: não interessa o que aconteceu na manhã do dia 7, mas apenas importa lembrar a tarde do dia 13 de novembro. Aí é que começou tudo: o juiz mandou abaixo os crimes indiciados, os detidos voltaram para casa de memória fresca e apagada, a PGR nunca entrou nos portões de Belém, jamais escreveu um parágrafo críptico e heterónimo, e o Presidente não recebeu um pedido de demissão do PM. Neste reverso não há insensatez, precipitação e irresponsabilidade.
É verdade que o ainda líder do PS não quer que o seu partido caia na armadilha de falar neste caso judicial, ou da Justiça em geral, e da PGR em particular. Seria desastroso, numa fase tão embrionária. Mas se não calha bem ao partido, sempre dá jeito atirar umas granadas de elevada precisão política. .
O primeiro-ministro, António Costa, está profundamente magoado, amargurado e inconformado, mas o epicentro sísmico começou no seu gabinete e toda a estrutura política ruiu quando foi a Belém para pedir a demissão. Será que foi precipitado? Que não teve bom-senso? Que agiu desatinadamente? Só ele saberá.
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