Observador - 20 set. 00:22
Pode a direita ignorar o Chega?
Pode a direita ignorar o Chega?
Está na altura dos dirigentes do PSD entenderem um ponto essencial: quando o PS ataca o Chega, o alvo é o PSD. Os ataques ao Chega só têm um objectivo: impedir que o PSD regresse ao governo.
Moção de censura do Chega. A direita fica confusa e não sabe bem o que fazer. O PSD abstém-se. A IL vota a favor. O CDS, por uma vez, agradece não estar no Parlamento. O PS fica satisfeitíssimo. Poucas coisas agradam mais aos socialistas do que ver a direita confusa. É normal. A questão do título deste artigo foi colocada por Helena Matos e José Manuel Fernandes aos ouvintes da rádio Observador.
A decisão da IL é importante. Em primeiro lugar, resulta do reconhecimento do que os eleitores de direita não ignoram o Chega. Calculo que os dirigentes da IL fizeram as contas e chegaram à conclusão que seria mais penalizador eleitoralmente não ser tão crítico do governo como o Chega do que votar ao lado do partido de André Ventura. Isto significa que a IL reconhece que o Chega conquistou um lugar de destaque na direita.
Em segundo lugar, a IL mostrou pragmatismo político. Ninguém acredita que a IL passou a defender as propostas do Chega, que se tornou num partido contra a emigração, ou que defende políticas duras contra os ciganos. A IL percebeu que era do seu interesse político votar a favor a moção de censura do Chega. Chama-se pragmatismo político: o alinhamento numa questão importante com quem tem propostas políticas diferentes, algumas até opostas. Claro que a decisão da IL terá consequências políticas. No futuro, será mais difícil para a IL recusar entendimentos com o Chega se houver uma maioria de direita na Assembleia da República.
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