expresso.ptexpresso.pt - 19 set. 19:45

A moção de censura que dividiu a direita e fez Costa sorrir

A moção de censura que dividiu a direita e fez Costa sorrir

Debate da moção de censura promovido pelo Chega deixou PSD e IL divididos entre as justificações sobre o seu papel na oposição e as críticas ao Governo. PS assistiu de bancada a um André Ventura a assumir-se como “líder do Chega e do PSD ao mesmo tempo”. Costa citou Paulo Portas para expor fraturas à direita, anunciou que privatização da TAP avança para a semana e atravessou-se pelo mínimo de existência: será atualizado em função do aumento do salário mínimo para que quem não pagava IRS se mantenha isento

André Ventura e João Cotrim de Figueiredo trocavam acusações na bancada mais à direita do hemiciclo: virados um para o outro, com muito ruído de fundo, o deputado liberal acusava o Chega de ter apresentado uma moção de censura “infantil” achando que se ia ficar a rir sozinho, e acusando mesmo o partido da extrema-direita de, em contrapartida, se ter oferecido para fazer um acordo com o PS na Madeira. Ventura reagia com negações, interjeições em apartes ruidosos. E António Costa, na bancada do Governo, encolhia os ombros, virava a cara e sorria.

"Se não se entendem sobre a censura ao Governo a que se opõem, como é que se hão de entender para construir uma alternativa?", atirava a dada altura o primeiro-ministro, depois de se ter levantado para responder aos deputados e esperado largos segundos para que a bancada à sua direita fizesse o silêncio necessário para os restantes poderem falar.

Foi assim durante todo o debate da moção de censura apresentada pelo Chega, que levou o primeiro-ministro ao Parlamento pela primeira vez nesta nova sessão legislativa, mas que, de caminho, adiou o primeiro debate quinzenal de escrutínio à governação para dezembro. De um lado, o que se viu foi a esquerda a explorar as divisões à direita, com o PS a desafiar o PSD a distinguir-se do Chega e com o BE, PCP e Livre a questionarem o primeiro-ministro sobre “temas realmente importantes” para a governação; do outro, a direita a atacar o “pior Governo de sempre” ao mesmo tempo que cada um se tentava equilibrar nas justificações sobre o seu próprio sentido de voto: se para os sociais-democratas a abstenção traduz o facto de o PSD “ser o partido das soluções e não das moções”, para os liberais, o voto a favor serve para que o Chega “não se fique a rir sozinho” fazendo-se passar pelo único partido que faz oposição.

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