rr.sapo.pt - 19 set. 16:57
Míssil que atingiu mercado em Donetsk pode ter sido disparado pela Ucrânia
Míssil que atingiu mercado em Donetsk pode ter sido disparado pela Ucrânia
Uma investigação do jornal "The New York Times" recolheu evidências que apontam para o rebentamento provocado por um míssil da antiaérea ucraniana, causando a morte de 17 civis.
A explosão de um míssil no mercado local de Kostiantynivka, na região de Donetsk, pode ter sido causada pela defesa antiaérea ucraniana, revelou esta terça-feira uma investigação realizada pelo jornal norte-americano "The New York Times" (NYT).
O rebentamento ocorreu a 6 de setembro, quando o mercado estava lotado, provocando a morte de 17 pessoas.
Na altura, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, acusou as forças russas de serem responsáveis pelo ataque. No entanto, algumas evidências apontam noutro sentido.
As imagens das câmaras de segurança, diz o NYT, mostram que "o míssil voou do território controlado pela Ucrânia para Kostiantynivka", em vez de partir "por detrás das linhas russas".
Na opinião de especialistas independentes ouvidos pela publicação americana, o mais provável é que um projétil usada pelo sistema antiaéreo ucraniano tenha tido uma falha eletrónica ou que o mecanismo de orientação tenha ficado danificado durante o lançamento, acabando por cair sobre o mercado.
Esta opinião é corroborada pelo tipo de fragmentos e danos infligidos no local da explosão, que são mais consistentes com um 9M38, que é usado pelo sistema antiaéreo ucraniano Buk, e não com um S-300, o míssil que faz parte do arsenal russo e que teria sido usado no ataque.
O "New York Times" citou ainda evidências que mostram que, minutos antes do ataque, os militares ucranianos lançaram dois mísseis terra-ar em direção à linha da frente russa, a partir da cidade de Druzhkivka, 10 milhas (16 km) a noroeste de Kostiantynivka, o que sugere que um destes mísseis pode ter provocado, acidentalmente, a explosão no mercado.
Um conselheiro do gabinete de Zelensky, Michael Podolyak, reagiu no X, antigo Twitter, acusando o NYT de alimentar “teorias da conspiração” e garantiu que as autoridades ucranianas estão a desenvolver uma “investigação completa e detalhada” das “circunstâncias em que se verificou o ataque em Kostiantynivka”.
Por sua vez, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, sugeriu no seu canal de Telegram que o exército ucraniano está a “bombardear as suas cidades”.
"Mesmo que tenha sido feito sem querer, é óbvio para todos: a desmilitarização completa do regime de Kiev não é apenas um requisito, mas uma necessidade vital", referiu Zakharova.
Desde o início da invasão da Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022, o exército russo bombardeou repetidamente as cidades ucranianas, destruindo infraestruturas civis, incluindo escolas e hospitais, e provocando a morte de milhares de pessoas.