Opinião de Vasco Almeida - 18 set. 07:20
Experiências internacionais com impacto
Experiências internacionais com impacto
Durante este artigo, gostava de partilhar os benefícios de viver “lá fora”, partilhando um pouco a minha perspetiva e experiências depois de ter vivido o último ano académico em San Diego, nos Estados Unidos.
É verdade que, dada a rápida globalização, vivemos num mundo que está cada vez mais interligado, com fronteiras físicas cada vez menos restritivas, permitindo às pessoas descobrir novos horizontes dentro das suas possibilidades.
Experiências internacionais não só se tornaram uma opção atraente para completar o currículo académico-profissional, mas também um fator diferenciador na carreira.
Enriquecimento CulturalSempre que se embarca numa viagem para além das nossas fronteiras, estamos a abrir a porta para uma diversidade cultural imensa e, acima de tudo, inimaginável para os que ainda não têm perceção das discrepâncias culturais que existem no mundo.
Ao imergirmo-nos numa nova cultura, é expectável ser-se exposto a diferentes tradições, costumes e maneiras de pensar e agir. De facto, é assim que se aumenta o “cultural knowledge” que possuímos. Ao entender a complexa e rica diversidade humana, somos capazes de nos tornar mais empáticos e naturalmente mais próximos de outras culturas e costumes que antes nos eram estranhos.
No meu caso, ao mudar-me para um país de cultura ocidental, tenho tido algumas surpresas que se tornam, quase sempre, em momentos de aprendizagem. Por exemplo, numa coisa tão simples como os horários em que se fazem certas tarefas do dia-a-dia, os norte-americano estão habituados a fazer as coisas, dito de leigo modo, bastante mais cedo que os portugueses.
De facto, jantar às 17h00 ou 18h00 era algo impensável para mim há um ano quando me mudei para San Diego, mas pouco a pouco tenho vindo a fazer um esforço para incorporar alguns destes costumes na minha vida, para também aproveitar ao máximo o meu dia e o meu tempo. Na verdade, também opto para aproveitar e cozinhar (bastante mais tarde) para os meus amigos de vez em quando, para também lhes ensinar como fazemos por estes lados. É esta troca de ideias, experiências e perspetivas que tem a valência de abrir horizontes.
Desenvolver competências linguísticasPara além disso, um dos maiores benefícios de ter experiências internacionais é o aprimorar de competências linguísticas, caso se opte por um país com uma língua diferente da nossa. Quando vivemos num ambiente onde o idioma estrangeiro é falado a toda a hora, somos incentivados a participar e praticar a língua. Parecendo que não, só num contexto real, diário e contínuo é possível desenvolver fluência, compreensão e pronúncia de modo a atingir um nível avançado ou até mesmo nativo no idioma. Por outras palavras, o treino diário não permite só uma mais eficaz comunicação com pessoas doutros países e culturas, mas também possibilita a capacidade de pensamento e expressão de um modo natural. Assim, consegue-se fortalecer competências profissionais, bem como habilidades sociais.
E é precisamente neste ponto que a minha experiência pessoal se destaca. Apesar de ter começado a estudar inglês aos três anos, foi só ao mudar-me para San Diego para concluir os meus estudos que adquiri uma fluência e pronúncia sem precedentes. Neste ambiente onde o inglês é a língua dominante, fui desafiado a melhorar dia após dia. A interação constante com nativos deu-me não só um sotaque mais autêntico, mas também uma compreensão mais profunda da língua. O meu inglês nunca foi tão fluente e natural como agora, após esta experiência imersiva.
Estudar no estrangeiro oferece acesso a reputadas instituições de ensino superior e também a vários recursos que podem não estar disponíveis no país de origem, tais como oportunidades de networking, workshops ou até mesmo conhecimentos e habilidades. Efetivamente, a possibilidade de participar em programas de intercâmbio, com ou sem bolsa de estudo, permite aos estudantes ampliar as suas perspetivas e horizontes académicos e profissionais. Envolvendo-se num ambiente global e competitivo, pode retirar-se imensas mais valias, tais como uma rede internacional de contactos valiosa, visão única de certas situações e perspetivas culturais diversas.
Receber uma bolsa completa para estudar em San Diego abriu-me um leque de oportunidades inestimáveis. O currículo diversificado permitiu-me explorar várias áreas de conhecimento, e o envolvimento em clubes universitários ampliou ainda mais a minha aprendizagem. Graças a este cenário propício, recebi apoio significativo para lançar a minha própria start-up com uma amiga e participar num projeto de consultoria internacional na Polónia, além de estar envolvido num intrigante projeto de pesquisa sobre "Cross Cultural Management". Sem dúvida, tais oportunidades seriam impensáveis se não tivesse escolhido o programa de Double Degree entre a CATÓLICA-LISBON e a University of San Diego. O ambiente académico e profissional intensificado pelo cenário internacional foi sem dúvida decisivo para estas conquistas.
Crescimento pessoal e autonomiaNão obstante, estudar “lá fora” é uma experiência que também promove e muito o crescimento pessoal. Viver num ambiente desconhecido, obriga-nos a desenvolver bastante as capacidades de "problem-solving" e "decision-making". Por termos de nos adaptar a um novo estilo de vida, com nova casa, alimentação, transporte, bem como outras nuances, saímos da nossa zona de conforto e somos capazes de explorar não só quem realmente somos, mas também as nossas capacidades e limites.
Embora já vivesse sozinho desde os 18 anos em Lisboa, a minha mudança para os Estados Unidos impulsionou o meu crescimento de uma maneira sem precedentes. Lidar com todas as responsabilidades - desde lavar e passar a roupa, cozinhar para mim, organizar o meu transporte, estudos, projetos académicos e pessoais, vida social e orientar-me numa cultura completamente diferente - tudo isso aprofundou a minha independência e a minha capacidade de enfrentar desafios de maneira autónoma.
Vantagens no mercado de trabalho globalPor último, é de salientar que experiências internacionais, especialmente as de longa duração, claramente oferecem uma vantagem competitiva no mercado de trabalho global. As várias empresas valorizam muito mais candidatos que têm experiências multiculturais, visto que estas revelam versatilidade, adaptabilidade, resiliência e capacidades de comunicação claras e eficazes.
Por outro lado, o trabalho em equipas internacionais, bem como as soft-skills (problem-solving, critical-thinking, time-management, leadership, conflict-resolution, entre outras) – muitas vezes incorretamente ignoradas – são vistas como mais valias para empresas que, cada vez mais, procuram candidatos com os perfis mais robustos possíveis.
Durante este ano letivo, tive a oportunidade de presenciar isso em primeira mão em vários processos de recrutamento. Ficou evidente uma forte preferência por candidatos com perfil internacional. Mesmo quando não cumpria todos os requisitos académicos, como o Mestrado, fui chamado para entrevistas. Isso deve-se ao crescente interesse das empresas em alguém que traz uma perspetiva diferenciada, que só é possível através de vivências em ambientes multiculturais. Tais experiências demonstram a capacidade de adaptar-se a ambientes desconhecidos e trabalhar eficazmente com pessoas de origens diversas, competências valorizadas no cenário de trabalho global.
Ter experiências internacionais é, hoje, mais do que uma opção; é uma necessidade para um mundo cada vez mais conectado. Ao expandir horizontes, enriquecer a compreensão cultural, desenvolver habilidades linguísticas, aproveitar as oportunidades académicas e profissionais e promover o crescimento pessoal, permite com que desenvolvamos um perfil global preparado para enfrentar os desafios do século XXI. Portanto, é essencial que incentivemos e apoiemos iniciativas que promovam estas experiências, para que possamos construir um futuro mais globalizado, enriquecedor e sustentável para todos.
Vasco Almeida, BSc Double Degree Student - International Business @ University of San Diego | Católica Lisbon School of Business and Economics
Este espaço de opinião é uma colaboração entre a Renascença e a Católica Lisbon School of Business and Economics