www.publico.ptpublico.pt - 6 jun. 06:10

Militantes do PSD pedem investigação interna sobre eleições na concelhia de Lisboa

Militantes do PSD pedem investigação interna sobre eleições na concelhia de Lisboa

Grupo de social-democratas apoiam decisão de Montenegro de averiguar escolhas de candidatos autárquicos em 2017, mas pedem que investigação vá mais fundo.

Um grupo de cerca de cem militantes do PSD de Lisboa, entre os quais estão dois deputados, repudia a alegada troca de favores nas eleições autárquicas de 2017 noticiada no âmbito do processo Tutti Frutti, apoia a investigação interna anunciada pelo líder do PSD aos procedimentos de escolha de candidatos da altura mas pede que seja estendida às eleições internas na concelhia de Lisboa nos últimos três mandatos, ou seja, até 2022. A posição é assumida numa carta que é dirigida à comissão política nacional do PSD e à qual o PÚBLICO teve acesso.

Em causa estão as reportagens da TVI/CNN que se referem a uma troca de favores entre o PSD e o PS de Lisboa para a escolha de candidatos às autárquicas de 2017. O processo Tutti Frutti, que foi noticiado pela primeira vez em 2018, envolve Luís Newton, actual presidente da Junta de Freguesia da Estrela e líder da concelhia do PSD desde 2020, o deputado social-democrata Carlos Eduardo Reis, o ex-deputado Sérgio Azevedo, e os actuais ministros socialistas Fernando Medina e Duarte Cordeiro enquanto responsáveis na candidatura do PS em 2017 à câmara de Lisboa.

Os subscritores da carta são sobretudo militantes de base e incluem os deputados Emília Apolinário e Alexandre Simões, eleitos por Lisboa.

Os militantes assumem apoiar a posição anunciada por Luís Montenegro de abrir uma “uma averiguação política de eventuais comportamentos ilícitos ou pouco éticos de alguns dos seus militantes, revelados na reportagem”, mas apelam à direcção nacional do PSD para que “o processo de averiguação seja alargado, temporal e materialmente, aos actos eleitorais e procedimentos internos aos últimos três mandatos da comissão política da secção concelhia de Lisboa”.

Os subscritores consideram que “alguns destes actos eleitorais, nos últimos anos, foram inquinados por um mercadejar de votos”. “É público e patente de que alguns destes actos eleitorais, nos últimos anos, foram inquinados por um mercadejar de votos”, referindo-se a notícias sobre o transporte de militantes em carrinhas para as secções de voto nas eleições internas da concelhia em 2017.

Com este pedido para que a investigação seja alargada aos últimos três mandatos, desde 2017 até 2022 (data das últimas eleições concelhias), os militantes visam os mandatos de Luís Newton, eleito líder da concelhia em 2020 e reeleito em Novembro de 2022, depois de derrotar Alexandre Simões por uma significativa margem. Antes a concelhia foi liderada por Paulo Ribeiro (2018-2019), que sucedeu a Rodrigo Gonçalves, que se tornou presidente interino a partir de Abril de 2017 quando Mauro Xavier se demitiu do cargo por discordar da escolha de Teresa Leal Coelho como cabeça-de-lista à câmara municipal de Lisboa.

Rodrigo Gonçalves, considerada uma figura influente no controlo do aparelho social-democrata de Lisboa, suspendeu o mandato na comissão política nacional liderada por Montenegro, em Novembro do ano passado, depois de ter sido alvo de buscas por parte da Polícia Judiciária, a par do presidente da câmara de Oeiras, Isaltino Morais, por causa da viabilização de um empreendimento imobiliário nesta autarquia.

Defendendo que é preciso "afirmar uma alternativa ao actual status quo, falar verdade e, através do exemplo do PSD, prevenir e combater qualquer indício de corrupção ou crimes conexos”, os subscritores consideram que os comportamentos relatados pelo Observador, como os de pagar quotas em massa e transportar militantes para o local de voto, "têm desvirtuado e condicionado a vida democrática interna do PSD de Lisboa, capturando-o e pondo-o ao serviço de interesses egoístas, ilícitos e mesquinhos, com impacte no funcionamento e imagem do PSD e, não menos importante, na credibilidade pública da acção política.”

Assumindo que não se revêem nas “práticas políticas noticiadas na reportagem da TVI/CNN sobre o Tutti Frutti, e que “há vários anos vem denunciando comportamentos ou vicissitudes internos, que violam e ofendem princípios e valores que constituem o ADN do PSD desde 1974", os militantes consideram que a posição pública assumida por Montenegro é “corajosa e transparente”.

Ao mesmo tempo, salientam a “notória diferença” relativamente à atitude de “sistemática fuga” de António Costa quando se trata de processos judiciais que envolvem ou envolveram figuras gradas do PS ao refugiar-se no “mantra ‘à justiça o que é da justiça e à política o que é da política’ para nada fazer”.

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