rr.sapo.ptOpinião de Filipa Pires de Almeida - 5 jun. 06:41

Passar à ação na sustentabilidade, qual o caminho?

Passar à ação na sustentabilidade, qual o caminho?

As empresas portuguesas estão alinhadas com a sustentabilidade, querem implementar estratégias mais sustentáveis, mas ainda estão aquém dos seus objetivos de implementação.

Se dúvidas houvesse que as empresas portuguesas estão conscientes e com sincera vontade de abraçar os temas da sustentabilidade, estas foram dissipadas no passado dia 1 de Junho.

O Observatório dos ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) nas empresas portuguesas, projeto desenvolvido pelo Center for Responsible Business and Leadership da CATÓLICA-LISBON, realizou o seu primeiro evento aberto ao público (SDG Meetings: para além da teoria), com uma sala cheia de empresas, grandes e pequenas, e com participantes do setor público e social. Foi uma manhã dedicada a discutir e, essencialmente, trazer à prática os temas da sustentabilidade nas estratégias corporativas.

Desta manhã, podemos destacar três temas que podem ajudar-nos a melhor compreender como as empresas, em Portugal, estão a implementar as suas estratégias de sustentabilidade.

1. Em primeiro lugar, e pelo estudo em curso deste Observatório, reiteramos a conclusão de que as empresas portuguesas estão alinhadas com a sustentabilidade, querem implementar estratégias mais sustentáveis, mas ainda estão aquém dos seus objetivos de implementação.

A principal barreira para fazerem mais é a falta de conhecimento sobre como operacionalizar agendas de sustentabilidade. Assim sendo, as empresas pedem de forma muito concreta: mais partilha de boas práticas, mais ferramentas e mais ajuda à ação.

2. O tema do "compliance" é fundamental para as grandes empresas, mas é ainda distante para as pequenas e médias empresas (PME). As grandes empresas, por questões regulatórias e de mercado, perderão licença para operar se não abraçarem estratégias de sustentabilidade. As PMEs, por seu turno, ainda não sentem de forma tão evidente a pressão da sustentabilidade, quer por exigências de mercado, quer regulatórias. No entanto, e como focado pelas PMEs presentes em debate (OLIMEC e Fábrica de Papel Ponte Redonda), a sustentabilidade é um fator de diferenciação, competitividade nos mercados nacionais e internacionais e, por vezes, fator determinante para se fecharem alguns negócios.

De notar neste tema é o facto de 60% das grandes empresas conhecerem as suas obrigações legais de "reporting" para o futuro próximo, enquanto que as PMEs ainda desconhecem esta legislação (CSRD) que as vai afetar, ainda que indiretamente.

3. As empresas procuram aprofundar, na prática, os temas da implementação e reporte de sustentabilidade (workshops mais frequentados neste evento). A implementação é fundamental para incorporar práticas de sustentabilidade no core e no dia-a-dia do negócio e conseguir gerar business case. O reporte, por seu turno, é fundamental para comunicar, de forma transparente, o que fazem nestes temas e monitorizar progressos. Com a auditoria do reporte dos temas ambientais e sociais a caminho, é, deste modo, cada vez mais importante que o setor privado português se prepare para abraçar estes desafios e competir de Portugal para o mundo.

Este evento de partilha e de prática foi mais um passo no cumprimento dos objetivos do Observatório dos ODS nas empresas portuguesas. Um projeto que se dedica a gerar conhecimento sobre como as empresas estão a implementar as suas estratégias ODS, partilhar boas práticas e acelerar esta agenda empresarial em Portugal. Durante o mesmo evento, foram ainda publicados dados específicos sobre as PMEs e a sustentabilidade em Portugal.

Os próximos passos compreenderão o lançamento de um novo Reporte sobre as empresas e os ODS em Portugal (previsto para o último trimestre de 2023) e mais ajuda às empresas naquilo que são ações práticas para concretizarem os desafios de sustentabilidade no seu negócio.

Portugal é um país cimeiro na implementação da Agenda dos ODS no mundo (20ª posição global), tal como partilhado. Só com o papel crucial das empresas poderemos continuar a progredir como país e sociedade e almejar a verdadeira prosperidade que traz benefícios para todos.

Filipa Pires de Almeida, Deputy Director – Center for Responsible Business and Leadership da Católica-Lisbon School of Business & Economics

Este espaço de opinião é uma colaboração entre a Renascença e a Católica Lisbon School of Business and Economics

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