expresso.ptexpresso.pt - 5 jun. 17:49

Lagarde diz que a subida de juros pelo BCE não foi para ser “generoso” com a banca

Lagarde diz que a subida de juros pelo BCE não foi para ser “generoso” com a banca

O facto de a taxa de remuneração dos depósitos do sector bancário no Banco Central Europeu estar próxima dos níveis mais elevados na história do euro não significa que a subida dos juros seja para agradar os banqueiros, mas sim para refrear a inflação, insistiu, esta segunda-feira, Christine Lagarde perante os deputados europeus em Bruxelas

A subida dos juros do Banco Central Europeu (BCE) desde julho de 2022 não foi feita “a pensar se a taxa de remuneração da facilidade de depósitos é generosa ou não” para o sector bancário, disse, esta segunda-feira, Christine Lagarde aos deputados do Parlamento Europeu em Bruxelas. “A taxa de remuneração dos depósitos é um subproduto” do ciclo de subida dos juros, acrescentou a presidente do BCE perante os euro-deputados na Comissão de Assuntos Económicos e Monetários, na segunda audição do ano da responsável pela política monetária. Os juros do BCE subiram 375 pontos-base - incluindo a taxa diretora de financiamento e a taxa de remuneração dos depósitos - para baixar a inflação, o objetivo central do BCE, insistiu. “Não olhamos para ver se os bancos têm ganhos ou não, mas se a política monetária é transmitida”, acrescentou a francesa.

Um ‘subproduto’ que remunera os depósitos em 3,25%

A taxa de remuneração da chamada facilidade permanente de depósito do BCE subiu de terreno negativo onde estava em julho do ano passado (-0,5%) para 3,25% desde a última reunião em maio e poderá subir para 3,5% no próximo encontro do conselho dos banqueiros centrais do euro já na próxima semana, a 15 de junho.

A facilidade permanente de depósito do BCE é um instrumento de política monetária que permite ao sector bancário depositar, nos cofres dos bancos centrais nacionais do euro, o que considera excesso de liquidez. Até julho do ano passado, essa remuneração era negativa e, por isso, penalizadora. Desde julho de 2012 que foi de zero ou negativa ao longo de uma década. Há um ano, os bancos só tinham depósitos de 736 milhões de euros nessa facilidade permanente. Segundo o mais recente balanço do BCE, a 26 de maio, aqueles depósitos somavam 4,1 biliões de euros, mais de 50% do passivo do balanço do BCE.

O facto de a remuneração estar atualmente em níveis próximos do máximo de 3,75% em outubro de 2000, levou alguns deputados europeus a interrogar Lagarde se os ganhos multimilionários agora auferidos pelos depósitos não foram tema de debate no conselho do BCE. “Até este momento o assunto não foi discutido”, respondeu, secamente.

Perante a insistência no assunto, Lagarde admitiu a “frustração” de alguns euro-deputados pela resposta que ela deu. Mas tudo tem a ver com a política monetária restritiva em curso. O BCE atrai o que a banca considera excesso de liquidez para o retirar do mercado de crédito às empresas e às famílias, de modo a ampliar o efeito de emagrecimento do crédito ao consumo e à economia empresarial. A essência do que o BCE designa por transmissão da política monetária restritiva é precisamente tornar o credito ao consumo e ao investimento mais caro (com juros mais altos) e mais exíguo (com menos milhares de milhões no mercado de crédito). Na lógica do BCE, isso levará as empresas a ajustarem em baixa os preços.

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