sol.sapo.ptVítor Rainho - 19 mar. 00:00

No país da justiça no direto, do aqui e agora

No país da justiça no direto, do aqui e agora

Por fim, a lista da Comissão Independente que estudou os casos de abusos sexuais na Igreja. Como foi possível apresentarem o estudo com tantos mortos?

Já há programas de televisão sobre quase tudo – ainda não percebi por que razão não há um sobre funerais, e estou a gozar, como é óbvio – e a vida é mesmo feita em direto. É como se decidíssemos tudo em frente a uma câmara, sem pensarmos muito. Marinheiros recusam cumprir ordens? O Presidente da República, chefe máximo das Forças Armadas, logo responde que é preciso falar do desinvestimento que houve, mas não condena um ato de rebelião dos seus subordinados. Os comentadores que duas horas antes estiveram a perorar sobre o plano Mais Habitação ou sobre os perigos da derrocada de um banco americano, logo ditam sentenças de que as Forças Armadas portuguesas são uma nódoa e que perderam prestígio internacional – deviam ir dizer isso à República Centro Africana, por exemplo. 

Nélson Évora e Pedro Pichardo alimentam uma discussão de um nível confrangedor, com mais culpas para o primeiro, e logo temos sentenças como se estivéssemos num Sporting-Benfica. O Chega aproveita a boleia e toca de tocar o bombo. Não há tempo para ver se há atletas portugueses que já correram com as cores de outros países e que só o fazem com a camisola portuguesa por interesse – no futebol qualquer jogador que represente a sua seleção principal por duas vezes já não o poderá fazer por outro país, ao contrário de muitas modalidades olímpicas onde os atletas podem mudar de país como quem muda de camisola.

Como foi possível entrarem em contradição tantas vezes? Não deviam ter estudado um pouco melhor e forçado a Igreja a fazer uma conferência de imprensa conjunta? Em que todos sabiam o que se estava a discutir e não havia culpas para ambos os lados? Qual a necessidade de terem feito conferências de imprensa separadas? Não estavam ambos interessados em combater o flagelo da pedofilia? Se a Igreja pagou o estudo, que razões teria para não aceitar estar ao lado dos autores do trabalho? Enfim, a gripe deve ter-me tornado mais azedo, devido aos vários chás de limão que bebi, apesar do mel.Para a semana teremos notícias mais felizes!

vitor.rainho@nascerdosol.pt

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