observador.ptobservador.pt - 19 mar. 19:48

Augusto Cabrita: "mestre de fotógrafos" e um centenário em branco

Augusto Cabrita: "mestre de fotógrafos" e um centenário em branco

Fotógrafo e realizador, autor de capas de discos e de identidades de livros, documentarista, homem do Barreiro, da "Outra Banda" e narrador de amigos. Augusto Cabrita nasceu há cem anos.

Cumpriram-se há dias — a 16 de março — 100 anos sobre o nascimento de Augusto Cabrita, sem que a RTP, que não poucos documentários biográficos tem encomendado (e bem, e alguns deles bons), a Cinemateca Portuguesa, em geral atenta a efemérides, revisitações e homenagens, ou genericamente o Ministério da Cultura e as suas instituições (como o Centro Português de Fotografia, no Porto — coitado!!) lhe tivessem prestado atenção, no caso bem devida, aliás. A Imprensa Nacional e a sua dinâmica coleção de livros de fotografia portuguesa também deixou passar a boa ocasião. Até a Câmara Municipal do Barreiro, onde nasceu e foi elevado a ícone local, com o seu nome dado a uma sala de espectáculos e mostras, mais não fez do que anunciar sumariamente “uma grande exposição” a inaugurar em novembro, como quem reconhece que chegou bastante atrasado e ainda precisa de tempo para fazer o que já deveria ter feito. Sucede, porém, que “estas coisas” não se fazem — bem… — do pé para a mão, em poucos meses. Precisam de, pelo menos, dois ou três anos bem medidos.

Isto diz muito de muitas coisas, a menor das quais não é certamente a indiferença perante a vantagem de revisitações deste tipo permitirem um novo olhar sobre figuras e a sua época, esclarecendo a sua indefetível originalidade e o ambiente cultural em que participaram. Negligenciamos a pró-memória e a recolha de arquivos físicos e de depoimentos vívidos, e obedecemos a uma ordem cultural feita de imposições e de ocultações, em que uns aparecem repetidamente e outros são lançados a um limbo, como se nunca tivessem existido. Trinta anos após a sua morte, em 1993, a obra fotográfica de Augusto Cabrita não teve ainda uma exposição retrospetiva nem um álbum representativo, como sucedeu — e quase sempre muito bem, de resto — com outras figuras do seu ofício ou de outros do seu tempo, a arquitetura e o design incluídos.

Sequer o renascimento de Artur Pastor e das suas fotografias inspirou quem quer que fosse para o resgate da obra dele.

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