jn.pt - 17 mar. 00:00
Para ser verdade…
Para ser verdade…
O Governo tem sinalizado o desenvolvimento do interior como uma das prioridades do seu programa de ação para a legislatura, na sequência de afirmações do mesmo princípio ao longo dos últimos anos. São múltiplas as razões para este posicionamento por parte dos governos, sendo que não têm sido visíveis no território sinais concretos das ações e medidas preconizadas.
Só um país "rico" se pode permitir à não valorização de mais de dois terços do seu território, concentrando as suas políticas no eixo litoral e limitando a 20-30 km de afastamento da "linha de costa" as intervenções mais significativas. Ao longo das últimas décadas, sucessivamente, temos sentido a ausência de uma efetiva política global, que priorize cada projeto como o mais importante, independentemente da sua localização.
Porque pode e deve ser verdade uma política para o país como um todo, desígnio que sabemos motivar o líder do Governo, então, tão importante como o alargamento das linhas de metro em Lisboa e Porto, será, entre muitos outros, concretizar os projetos de ligação Baião-Ponte da Ermida, o troço da ponte sobre o rio Maçãs em Vimioso, a ligação de Vinhais à A4, de Bragança a Puebla de Sanabria, a requalificação urgente da N222 ou a eletrificação da Linha do Douro até à Régua. Temos de ter a coragem de assumir que o financiamento das universidades das regiões autónomas, do Algarve, Évora, Beira Interior e Trás-os-Montes e Alto Douro, não seja discutido nos mesmos parâmetros das universidades do Porto ou de Lisboa. Porque se o país entende que é importante a existência de Ensino Superior nestas localizações, então tem de criar condições objetivas para que tal aconteça. Porque se assim não for, como por algumas vezes referi, parece que haverá muitos interessados em manter e justificar fundos estruturais, como verdadeiros "clusters" duma atividade económica, per se.
*Reitor da UTAD