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Apenas um em cada quatro cargos de direção é ocupado por uma mulher

Apenas um em cada quatro cargos de direção é ocupado por uma mulher

As mulheres continuam a enfrentar a desigualdade na progressão de carreira. São elas que mais valorizam o trabalho remoto, mas a razão transcende a flexibilidade.

A desigualdade de género no mercado de trabalho mantém-se e as mulheres continuam a enfrentar uma situação de desigualdade na progressão profissional. Um dos maiores obstáculos no caminho para a liderança encontra-se ao nível dos cargos de gestão, onde por cada 100 homens que ascendem a manager, apenas 87 mulheres são promovidas para a mesma posição. Como resultado, os homens superam, significativamente, as mulheres em cargos de direção e, nos cargos de topo (os chamados c-suite), apenas um em cada quatro lugares é ocupado por uma mulher, revela o estudo “Women in the Workplace 2022”, elaborado pela McKinsey &Company e pela LeanIn.Org.

“Se as empresas não agirem, não vão perder apenas as suas gestoras, mas correm também o risco de perder a próxima geração de talentos, tanto homens como mulheres. Os jovens dão cada vez mais importância ao trabalho inserido numa cultura equitativa, inclusiva e solidária”, alerta Amaia Noguera, sócia da McKinsey & Company, citada em comunicado.

O estudo da consultora conclui que o facto de ser mulher, bem como de ser mãe, impacta de forma negativa no momento de uma possível progressão de carreira, numa promoção ou aumento salarial. No ��ltimo ano, 29% das mulheres pensaram em reduzir o seu horário de trabalho, aceitar um cargo menos exigente ou até mesmo deixar de trabalhar, contra 22% dos homens.

Além disso, 37% das executivas afirmam ter tido um colega de trabalho que conseguiu obter algum reconhecimento profissional. Uma percentagem que compara com os 27% de executivos que puderam dizer o mesmo em relação às suas colegas do sexo feminino.

Líderes mulheres dão mais valor ao trabalho remoto. Mas razão transcende a flexibilidade

Outro aspeto destacado pelo estudo é a flexibilidade. Para uma em cada duas mulheres (49%) é um dos três aspetos mais importantes quando decidem mudar ou permanecer numa empresa, em comparação com 34% dos líderes masculinos. Além disso, dois terços das mulheres com menos de 30 anos dizem que estariam mais interessadas em ascender na carreira se vissem os seus líderes a ter um equilíbrio entre trabalho e vida pessoal.

Entre a força de trabalho, a maioria dos colaboradores também prefere trabalhar �� distância, pelo menos uma parte do tempo. No caso das mulheres, apenas uma em cada 10 quer trabalhar a maior parte do tempo no formato presencial. Contudo, a razão vai para além da flexibilidade. Motivo? As mulheres que trabalham remotamente, pelo menos uma parte do tempo, relatam sofrer menos microagressões e ter uma maior segurança psicológica. Isto é especialmente pronunciado para mulheres de outras etnias, comunidade LGBTQI+ e mulheres com algum tipo de deficiência.

“No entanto, não existe uma única fórmula de formato de trabalho válida para todos”, recorda a consultora. Oferecer a oportunidade de escolher o formato em que os funcionários desejam trabalhar – seja remoto, presencial ou híbrido – é fundamental. “Os profissionais que têm essa escolha geralmente ficam menos esgotados, mais felizes nos seus trabalhos e muito menos propensos a deixar as suas empresas”, esclarece.

Se as empresas não agirem, não vão perder apenas as suas gestoras, mas correm também o risco de perder a próxima geração de talentos, tanto homens como mulheres. Os jovens dão cada vez mais importância ao trabalho inserido numa cultura equitativa, inclusiva e solidária.

Amaia Noguera

Sócia da McKinsey & Company

Também a maioria dos responsáveis de RH afirma que oferecer opções de trabalho flexíveis ajudou a diversificar e a reter os seus talentos. Ainda assim, apontam que estas novas formas de trabalho podem também trazer inconvenientes. Um dos aspetos que gera preocupação é o facto de os colaboradores que trabalham remotamente poderem sentir-se menos conectados com as suas equipas. Além disso, a distância impõe maiores exigências de gestão aos diretores.

Por outro lado, é possível que os colaboradores que trabalham maioritariamente a partir de casa, com maior probabilidade de serem mulheres, tenham menos oportunidades de reconhecimento e promoção, alerta a McKinsey & Company.

“Assim, o trabalho remoto ou híbrido, as modalidades preferidas das mulheres, pode dar uma trégua aos preconceitos, mas não pode ser considerado um substituto para a mudança substancial que deve ocorrer no ambiente de trabalho. Por um lado, é positivo que as mulheres sofram menos microagressões quando trabalham remotamente, mas, por outro lado, como destaca o relatório, o facto de sofrerem essas agressões é profundamente problemático. Independentemente de onde trabalhem, as mulheres merecem sentir-se valorizadas e incluídas.”

“Por este motivo, as empresas não podem fazer do teletrabalho ou do trabalho híbrido uma solução, mas devem investir na criação de uma cultura verdadeiramente inclusiva”, defende a consultora.

O estudo da McKinsey & Company foi realizado nos Estados Unidos e Canadá e envolveu mais de 400 mil trabalhadores de um total de 333 organizações que, no seu conjunto, empregam mais de 12 milhões de pessoas.

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