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25% dos utentes vão protestar se fecharem maternidades

25% dos utentes vão protestar se fecharem maternidades

Maioria dos inquiridos contra eventual encerramento de blocos de parto. 75% preferem ir ao centro de saúde se resposta for mais rápida.

Mais de três quartos dos portugueses estão contra o eventual encerramento de maternidades públicas e um quarto admitem protestar ou participar em manifestações, caso essa venha a ser a decisão do governo. Numa altura em que as Urgências dos hospitais estão com elevada afluência, 75% dos cidadãos garantem que escolheriam o centro de saúde se ali conseguissem uma consulta mais rapidamente.

É um aviso à navegação. O eventual encerramento de maternidades públicas, recomendado por um grupo de peritos para fazer face à falta de obstetras, não agrada à maioria e poderá trazer muita contestação. O tema está a ser analisado pelo novo diretor-executivo do SNS e pelo Ministério da Saúde e a decisão deverá ser tomada no início de 2023.

No terreno, a sondagem Aximage para o DN, JN e TSF foi medir o pulso à população: 78% dos portugueses discordam de eventuais fechos, 14% concordam e 8% não têm opinião. Diretamente penalizadas por eventuais encerramentos, 81% das mulheres discordam e 11% concordam com a opção. Entre os homens, 74% dizem não aos fechos e 19% respondem sim.

À pergunta "se viesse a ser encerrada uma maternidade na sua região, como reagiria?", 34% dos inquiridos responderam que aceitariam uma alternativa dentro do Serviço Nacional de Saúde (SNS), 30% escolheriam uma maternidade privada, 25% aderiam a protestos e/ou manifestações e 11% assinalaram não ter opinião. Entre os que escolheriam protestar, são os homens e os jovens adultos (18-34 anos) que se destacam.

Olhando à inclinação política - com base no voto nas últimas eleições legislativas - o tema das maternidades é capaz de levar às ruas apoiantes da direita e da esquerda: 39% dos inquiridos que votaram Chega admitem participar em manifestações, no CDS são 38%, na CDU 36% e no PAN 35%. Entre os que votaram no partido do governo (PS), apenas 25% admitem que reagiriam com protestos. No principal partido da Oposição (PSD), são ainda menos: 23%.

48% usam linha SNS24

Numa semana de grande pressão sobre as Urgências hospitalares - o trabalho de campo da sondagem foi realizado entre 25 e 30 de novembro -, os portugueses foram questionados sobre os seus comportamentos, em caso de doença moderada.

Nessa situação, a maior parte dos inquiridos (48%) recorrem à linha SNS4 e 23% procuram a consulta aberta no centro de saúde. Outros 11% rumam ao Serviço de Urgência do hospital público e 10% vão à urgência do hospital privado. Um número baixo - mas ainda assim significativo (3%) porque errado - liga para o INEM em caso de doença moderada.

12% escolhem ir ao privado

Porém, se a resposta nos cuidados primários for atempada, algumas escolhas mudam. Se tiverem oportunidade de ser atendidos por um médico no centro de saúde, 75% dos inquiridos respondem que preferem ir ao centro de saúde, 12% dizem que continuam a escolher a Urgência privada e 9% insistem na Urgência do hospital público.

No Norte e na Área Metropolitana do Porto (AMP), há mais utentes a escolherem os cuidados primários, se a resposta for rápida, do que na Área Metropolitana de Lisboa (AML) e Região Sul e ilhas. Recorrer à Urgência privada é uma opção mais forte na AML e Sul do que no Norte, AMP e Centro.

36% vão pôr máscara em caso de doença respirat��ria

Os portugueses estão alinhados em "virar a página" da pandemia. Mais de metade dos inquiridos na sondagem da Aximage para o JN, DN e TSF (58%) concordam que a covid-19 deve ser encarada como uma infeção normal e dois terços entendem que as medidas recomendadas pelo Ministério da Saúde, como a lavagem frequente das mãos e o uso de máscara em caso de sintomas respiratórios, são suficientes para controlar a infeção. Embora muitos não as pratiquem: 25% admitem que só usarão máscara se for obrigatório.

Esta recusa de uso voluntário da máscara parece ser mais forte entre os inquiridos que votaram Chega, Iniciativa Liberal e CDS nas últimas legislativas. Refira-se, porém, que 36% dos inquiridos garantem que vão colocar a máscara se tiverem sintomas de doença respiratória para não contagiar outras pessoas. Outros 29% dizem que usam aquela proteção em transportes públicos e locais com muita gente. Neste caso, são os mais idosos, acima dos 65 anos, que seguem esta recomendação.

A perceção sobre o cumprimento das indicações do governo não é a melhor: 37% dos participantes na sondagem acreditam que só uma minoria irá cumprir as medidas de proteção, enquanto 36% apostam que metade cumprirá e a outra metade não.

Relativamente à vacina de reforço sazonal contra a covid-19, 57% dos questionados afirmaram já ter tomado e 19% ainda vão fazê-lo. Há 13% que não querem tomar a dose e 11% que ainda não decidiram. Num "zoom" aos indecisos, percebe-se que são mais na região Centro (17% ainda não decidiram se fazem o reforço) e que as mulheres estão menos focadas nessa decisão.

ines@jn.pt

FICHA TÉCNICA DA SONDAGEM

A sondagem foi realizada pela Aximage para o DN, TSF e JN, com o objetivo de avaliar a opinião dos portugueses sobre saúde.

O trabalho de campo decorreu entre os dias 25 e 30 de novembro de 2022 e foram recolhidas 800 entrevistas entre maiores de 18 anos residentes em Portugal. Foi feita uma amostragem por quotas, obtida através de uma matriz cruzando sexo, idade e região (NUTSII), a partir do universo conhecido, reequilibrada por género, grupo etário e escolaridade. Para uma amostra probabilística com 800 entrevistas, o desvio padrão máximo de uma proporção é 0,017 (ou seja, uma "margem de erro" - a 95% - de 3,46%). Responsabilidade do estudo: Aximage Comunicação e Imagem, Lda., sob a direção técnica de Ana Carla Basílio.

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