Observador - 2 out. 00:16
Três equívocos
Três equívocos
Meloni, Truss e Marcelo são porta-vozes de três equívocos: a democracia liberal ignora as pessoas, Thatcher salvou o Reino Unido porque baixou os impostos e fugir dos problemas é uma estratégia válida
Primeiro equívoco: a democracia liberal não olha pela as pessoas. Num pequeno filme que circulou nas redes sociais, Giorgia Meloni, a nova primeira-ministra italiana, fala da importância da família, de Deus e da nação. Nesse discurso, Meloni considera que as pessoas se tornam escravas da frieza que é o capitalismo selvagem se forem afastados do conceito de família, de Deus e de país. Para Meloni é a pertença a algo mais que cada um de nós é, em si e enquanto ser isolado, que nos defende da massificação consumista do mundo moderno.
Giorgia Meloni não é a fascista que dizem ser (contrariamente a Órban apoia as sanções à Rússia) e representa uma moderação relativamente ao extremismo de Salvini. De qualquer forma, o dito discurso é curioso por duas razões: primeiro, pelo sucesso mediático, como se tivesse sido de alguma forma original no que disse e não se limitasse a repetir uma velha ladainha das queixas que habitualmente se fazem quando se assiste a uma mudança. Em segundo, porque foram os extremismos (fascismo, nazismo e comunismo) que massificaram a pessoa, encararam o indivíduo como a peça de uma engrenagem ao serviço de uma causa maior. Não foi a democracia liberal nem a livre concorrência. Não foi a abertura dos mercados nem a globalização. Foram os que se assustaram com o desenvolvimento económico, o progresso científico, social, os que se insurgiram contras as alterações no estilo de vida, contra a possibilidade de cada pessoa poder decidir o que fazer com a sua vida.
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