www.dinheirovivo.ptdinheirovivo.pt - 1 out. 12:04

Menos penitência, mais decência

Menos penitência, mais decência

Vivemos em tempos de rasgar vestes. Em Itália os ″maus″ ganharam, enquanto pela Europa fora os ″bons″ se cobrem de panos de saco e cinza, vociferando: ″sua culpa, sua culpa, sua tão grande culpa!″ (na fórmula penitencial dos esquerdistas, a culpa é sempre dos outros). É o espetro do fascismo, dizem, como se essa palavra ainda significasse alguma coisa, além do mero insulto.

Vivemos em tempos de rasgar vestes. Em Itália os "maus" ganharam, enquanto pela Europa fora os "bons" se cobrem de panos de saco e cinza, vociferando: "sua culpa, sua culpa, sua tão grande culpa!" (na fórmula penitencial dos esquerdistas, a culpa é sempre dos outros). É o espetro do fascismo, dizem, como se essa palavra ainda significasse alguma coisa, além do mero insulto.

Mas, quem pensa que embandeiro em arco com a vitória da direita italiana, desengane-se. Claro está que simpatizo com a ideia de retirar aos poderes globais o excesso de autoridade que têm sobre os poderes locais, eleitos democraticamente. Todavia, a exaltação do nacionalismo e das tradições - que têm o seu valor - não passa de propaganda barata se a autonomia prática do indivíduo, das famílias e das empresas for esquecida.

Que autonomia? A do dinheirinho, meus caros, qual é que havia de ser? Sem dinheirinho não se compram melões. Logo, não há liberdade para ninguém. Todos estão amarrados e condicionados, "a mamar na teta do Estado" (como bem dizia Soares dos Santos), venha ela de progressistas ou nacionalistas.

É por isso que o meu aplauso vai, não tanto para Meloni, mas para o chanceler do Tesouro do Reino Unido, Kwasi Kwarteng. O Mini-Budget que apresentou supera e muito as palavras bonitas, para as converter na melhor coisa que um Governo pode fazer: cortar nos impostos. E não pouco. Ao todo, comprometeu-se a uma tosquia fiscal de 45 mil milhões de libras. Quem na Europa se atreve a tanto?

Quanto às reações, também não se fizeram esperar. O Financial Times, o The Economist e o New York Times inauguraram o espetáculo penitencial com augúrios e maldições de fazer corar as três bruxas da peça escocesa - Ai, que orçamento tão irresponsável. Ai, a instabilidade económica. Ai, ai, ai. Mas, afinal, o que lhes dói?

Uma coisa apenas: o dinheirinho sair das mãos do Estado e da nomenklatura vigente para ficar onde realmente deve: no bolso dos indivíduos, famílias e empresas. Nas palavras de Kwasi Kwarteng: "Para elevar o nível de vida de todos, temos de apoiar sem contemplações o crescimento da nossa economia. A redução do imposto é crucial para isso". Nenhuma proposta é decente sem este compromisso.

Economista e investidor

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