jornaleconomico.ptPedro Neves - 30 set. 00:16

Certificados e Depósitos

Certificados e Depósitos

Com a próxima subida de taxas em setembro, os bancos ficam sem justificação – diria até moral – para não remunerar decentemente os depósitos.

Em outubro, os Certificados de Aforro serão o produto de poupança de “capital garantido” com melhor rentabilidade. A fórmula de cálculo do juro implica que as novas subscrições irão pagar 2.106%, ou 1.5% líquidos, muito mais do que os depósitos a que o retalho tem acesso na banca nacional. Com as Euribor em alta nos próximos meses, continuará a ser um produto interessante, ainda que limitado a um juro bruto máximo de 3.5% e que poderá até ser atingido algures no início do próximo ano.

É provável que o IGCP se adapte, altere regras e crie novos produtos porque terá interesse em que os particulares continuem a deter uma parte significativa da dívida pública – que neste momento é de 11%. Isso só acontecerá se os produtos de poupança do Estado forem interessantes. Por exemplo, os Certificados do Tesouro ficaram pouco atrativos e, se não houver alteração de regras, poderá compensar resgatar e aplicar em Certificados de Tesouro ou em outras aplicações comparáveis que possam surgir. A taxa de juro média ponderada do stock de dívida pública deverá estar um pouco acima dos 2%, com tendência a subir, e os 10 anos pagam já acima de 3%. Portanto, não fará muito sentido captar junto do retalho a juros inferiores a 3% ou até mais.

Por outro lado, é cada vez mais discutível é a permanência das taxas de depósitos a níveis perto de 0% na banca nacional para o retalho (montantes mais expressivos já conseguem juros mais altos). Há uma clara resistência dos bancos em subirem as taxas de depósito – e já o poderiam ter feito porque já depositam no BCE a 0.75%. Enquanto as taxas estavam negativas ou a 0%, fazia sentido a remuneração nula – que foi “compensada” com aumentos significativos no comissionamento. Mas, com a próxima subida de taxas em setembro, os bancos ficam sem justificação – diria até moral – para não remunerar decentemente os depósitos. Mais tarde ou mais cedo, os bancos irão pagar mais pelos depósitos, mas nenhum quer dar o primeiro passo porque isso os prejudica. A manutenção dos depósitos a 0%, faz-nos pensar se este setor está efetivamente em concorrência…

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