jornaleconomico.ptPedro Neves - 30 set. 00:18

A ilusão, do faz de conta que faz

A ilusão, do faz de conta que faz

As eleições autárquicas realizaram-se exatamente há um ano atras, e no primeiro ano de muitos autarcas eleitos e após as lutas eleitorais, veio um ano de calmia e aparente tranquilidade.

Não em todas as 308 câmaras municipais, mas em muitas, apesar das eleições estarem ainda distantes, cresce a utilização de meios públicos para intenções puramente partidárias e já bem eleitorais. São inúmeros os presidentes que, neste ano findo, continuam a se desdobrar em ações de marketing com “capa” publica, fazendo ações de circunstancia, governando para as eleições futuras, mas que só acontecem de quatro em quatro anos. Tristemente muitos vão simulando trabalho que não fizeram nos últimos anos, outros vão divulgando a sua imagem e continuam a tentar condicionar dirigentes de instituições associações, coletividades, e freguesias, com deliberações ou não, na expectativa de tirarem benesses eleitorais futuras.

Com estes atos tentam muitos já condicionar e criar resistências às oposições e às populações, pois muitas vezes, não estamos cientes do poder que, quer a nível individual, quer como um coletivo, possuímos para alterar a realidade. A História regista muitos destes momentos, fazendo-nos acreditar na força da razão e da ação individual e coletiva. É preciso ter a dose certa de coragem e atrevimento. Citando Luís Vaz de Camões: ‘Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, muda-se o ser, muda-se a confiança: todo o mundo é composto de mudança, tomando sempre novas qualidades’. E na verdade, ser autarca é ser um fazedor e não um condicionador, pois quem é eleito para ser alternativa e ter uma ação fiscalizadora contra o poder vigente, tem de ser bem resiliente e imbuído pelo espírito de missão, comprometido com todos os seus cidadãos, pois o exercício de funções é desigual.

Vem isto a propósito de numa certa Autarquia, em período eleitoral ter posto a circular que havia varias Empresas (tudo do mesmo Grupo Economico), em noticias multiplicadas, que iriam criar muitas dezenas de postos de trabalho. Na época, criou ate varias isenções fiscais ao grupo económico para o efeito, proposto pelo poder vigente, sendo que até ao momento ainda ninguém nada viu, mas a comunicação externa continua, a fazer de conta que se fez. Na verdade esse poder vingente apenas vai reunindo com empresários e associações, para promessas e mais promessas, intenções e mais intenções, mas concretizações passado um ano, quase nada e nem vê-los.

Se este é só um dos muitos exemplos, compete a todos os agentes políticos e públicos que os apoios do Estado (que vem dos nossos impostos) são por interesse publico e não particular, como dizia um dos fundadores da democracia em Portugal, ninguém deve temer, pois a ‘intervenção ativa é a única possibilidade que temos de tentar passar do isolamento das nossas ideias e das teorias das nossas palavras à realidade da atuação prática, sem a qual as ideias definham e as palavras se tornam ocas. Trata-se, portanto, de um direito e de um dever que nos assiste como simples cidadãos, pelo qual não nos devemos cansar de lutar e ao qual não nos podemos esquivar de corresponder’. Basta de ditaduras no poder local, onde já há muito deviam estar erradicadas.

Passado um ano das eleições autárquicas, o primeiro ano de mandato de alguns novos Presidentes autarcas (e eu até interligo com um…), foi um ano perdido para populações. A gestão autárquica, foi a continuação das políticas de trás que colocaram as suas terras na cauda do poder de compra e no topo de pagamento de impostos, com ausência de investimentos estruturais que permitissem a criação de emprego e o desenvolvimento de cada concelho.  Pois na verdade, o poder local deve ser valorizado e não utilizado para proveitos partidários ou de imagem. Vamos, sem medos, lutar por um poder autárquico com igualdade de oportunidades, pela democracia, por um país mais justo e solidário. Quem não deve, não deve temer a luta pelos valores e pela transparência.

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