apfigueiredo - 23 set. 08:30
Visão | A passagem secreta
Visão | A passagem secreta
Será que não desliguei a luz do escritório? Ultimamente, tem-me custado adormecer. Com o cansaço a moer-me o corpo, a cabeça divaga entre assuntos insignificantes
Eu tinha estado a jogar à macaca com a Cristi, os nossos pulos argamassavam alegremente a manhã. O corpo dela esguio, o meu rechonchudo, ela graciosa, eu enérgica. Uma de nós ganhava uma volta e era logo batida pela outra na seguinte.
Quando a dona Flor assomou à janela, chamando a Cristi para o almoço, o grupo de rapazes chegara há pouco. Ficaram na galhofa junto à empena do prédio que estava em construção. Ouvimo-los rir alto e sabíamos que gostavam de olhar para nós. Vendo-me sozinha, o Manuel Luís veio ter comigo, a sua bicicleta ficou junto dos outros. Olha o que arranjei, disse, mostrando-me uma chave, É da casa abandonada, tem uma passagem secreta para a drogaria. A minha mãe não tinha o hábito de me chamar para o almoço, mas eu sabia que tinha de ir para casa. O Manuel Luís desafiou-me, Queres ir ver?