dinheirovivo.pt - 21 set. 22:47
Portugal tem talento e as empresas precisam de descobri-lo
Portugal tem talento e as empresas precisam de descobri-lo
Setembro é o mês da rentrée, para muitos. Mas para outros, é o início da aventura no mercado laboral. A procura pelo primeiro emprego é uma tarefa difícil para um jovem acabado de terminar os estudos. Há uma carência de orientação por parte das universidades neste âmbito, fazendo com que os alunos terminem os seus cursos sem perceber qual o melhor percurso profissional a seguir. Por outro lado, temos assistido, na comunicação social, as entidades patronais a assumir problemas na aquisição de talentos.
As médias e grandes empresas assumem sentir pressão na requisição de talento. De acordo com o Manpower Employment Outlook Survey de 2022, Portugal é o segundo país com maior dificuldade em adquirir talento. Estas entidades empregadoras afirmam ser cada vez mais difícil acompanhar as expectativas dos trabalhadores, no que diz respeito às condições laborais, mas salientam que também tem sido um desafio encontrar perfis que respondam às necessidades das vagas disponíveis.
Contrariamente ao que afirmam as empresas, os jovens continuam a ser os que mais sofrem na hora de encontrar emprego, seja este o primeiro da sua vida ou não. Segundo o relatório de 2022 sobre a evolução do emprego e da situação social da Europa, publicado pela Comissão Europeia, os jovens foram os mais afetados pela perda de postos de trabalho, durante a crise económica provocada pela pandemia da COVID-19 e que pode vir a ser agravada pela guerra na Ucrânia. Neste relatório, pode concluir-se também que são os jovens que notaram maior dificuldade na recuperação desta crise, contrariamente a outras faixas etárias mais avançadas.
Segundo o Instituto Nacional de Estatística, em Portugal, entre 2020 e 2021, a taxa de emprego em pessoas com idades inferiores a 25 anos atingiu os 23,4%, uma subida de 0,9% comparativamente a 2020. Já o Relatório da Organização Internacional do Trabalho avança que, até ao final de 2022, 73 milhões de jovens, em todo o mundo, sejam atingidos pelo desemprego, um valor muito superior ao registado em 2019.
Este fenómeno pode explicar-se pelas condições precárias a que os jovens estão sujeitos, no início de carreira, como contratos a prazo e baixa remuneração, face ao custo de vida. Por outro lado, os jovens sentem ainda muita dificuldade em encontrar o seu primeiro emprego, pois não têm qualquer tipo de apoio, durante o período escolar, que os ajude a perceber qual a saída profissional em que mais se enquadram. Ainda assim, fazendo um scroll pelas redes sociais, facilmente nos deparamos com depoimentos de jovens que tentam arduamente encontrar o seu primeiro trabalho, mas que, por falta de experiência, vêm as portas serem fechadas.
Para responder às dificuldades apontadas pelos empregadores e pelos jovens que procuram ingressar/regressar ao mercado de trabalho é necessário que haja um match entre a oferta de trabalho e o candidato. Soluções como a Networkme, que disponibilizam recursos e apoios a estes jovens, têm como finalidade ajudá-los a perceber qual a melhor saída profissional, de acordo com o seu perfil, encaminhando-os para as empresas. No entanto, as empresas precisam de estar abertas a abrir relações com estes profissionais em início de carreira, com sede de ganhar experiência e conhecimento na área de trabalho em que tentam ingressar.
Acredito que haja dificuldade em captar talento, sim, mas é importante que as empresas percebam que, por vezes, o verdadeiro talento ainda está por descobrir, e não está escondido noutras empresas.
Felipe Vieira, CEO & Cofundador da Networkme