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Paredes de Coura. De quantas cores se pinta o cartaz de um festival?

Paredes de Coura. De quantas cores se pinta o cartaz de um festival?

Com um cartaz eclético, o terceiro dia do Vodafone Paredes de Coura foi marcado por bandas como L'Imperatrice, Turnstile ou Parquet Courts.

O terceiro dia do festival Paredes de Coura ficou marcado por uma grande palete de estilos musicais. Do jazz, ao hardcore, ao post punk e até a canções apaixonadas que pareciam saídas dos anos 1980.

Apesar de ser difícil (e injusto) escolher um “rei” da noite, a verdade é que é preciso destacar a presença de uma “imperatriz” francesa. Os L'Imperatrice oferecem um dos mais animados concertos, até agora, da edição, deixando uma das maiores audiências do festival completamente subjugada aos ritmos e a entregar-se à dança.

A banda francesa tem um som que deve muito às suas raízes e por vezes até pode soar como uma versão destilada dos seus conterrâneos, nomeadamente bandas os pioneiros do “french toach”, Daft Punk, contudo, nos últimos dois anos, durante a pandemia provocada pela covid-19, o grupo foi uma banda que foi crescendo imenso em termos de seguimento, uma vez que o seu som, polido, suave, contagioso e (quando quer) energético, foi perfeito para fazer companhia durante os longos dias passados fechados em casa.

Como agradecimento por esta companhia e pelo excelente concerto, os franceses foram brindados com aquela que foi, até ao momento, a maior ovação do festival, algo que deixou a vocalista com voz de veludo, Flore Benguigui, em lágrimas.

Mas, certamente, a francesa não terá sido a única a verter lágrimas neste terceiro dia do festival, mas desta vez não falamos em lágrimas de felicidade. Falamos em lágrimas de dor, nomeadamente no concerto dos norte-americanos Turnstile, que ofereceram um dos mais energéticos, viscerais e agressivos concertos desta edição do Paredes de Coura.

Tendo surgido na cena de hardcore punk de Baltimore, no início da década de 2010, o grupo no ano passado decidiu reinventar o seu som, com o disco Glow On, adicionando elementos de música indie e uma renovada sensibilidade pop que lhes valeu uma grande atenção mediática e abriu o seu círculo de fãs a uma nova audiência.

Agora, frente a um público que, aparentemente, podia não ter tão familiarizado com a ética dos concertos de hardcore, o grupo fez questão de levar os fãs de indie a um novo limite que, como não podia deixar de ser, foi respondido com agressivos moshes e uma grande euforia.

Enquanto estamos de “guitarra na mão”, aproveitamos também para falar do concerto dos Parquet Courts. Quem pensa que o grupo de rock alternativo ficou preso nos anos de 2010 que fique enganado.

Mesmo que o disco mais recente do grupo, Sympathy for Life, lançado este ano, tenha sido recebido com menos entusiasmo, especialmente quando eram uns “queridinhos” do indie no início da década de 2010, o quarteto mostrou-se em boa forma enquanto tirava o pó a músicas como Stoned and Starving ou Master of my Craft (que celebraram dez anos do seu lançamento este ano), mas mostraram que os seus mais recentes trabalhos, como Wide Awake (2018), tem a ginga para deixar toda a audiência a dançar.

Quem também tem (muita) ginga é Donny Benét. Mesmo não estando no horário mais favorável do dia, a atuar por volta das 19h da tarde, apenas o segundo artista a pisar o palco Vodafone.FM, o australiano com o bigode mais sedutor de todo o festival cativou todos aqueles que o foram ver com contagiosas letras de canções, como Santorini ou Konichiwa, que pareciam retiradas de uma quente danceteria dos anos 1980, mas também com as pulsantes linhas de baixo, tocadas pelo próprio.

Tal como nos dias anteriores, este foi um dia em que o jazz esteve também em destaque no cartaz, nomeadamente, com os Comet is Coming do mestre inglês, Shabaka Hutchings, que esteve quão estratosférico este estilo musical consegue ser, especialmente quando misturado com elementos de rock psicadélico ou de eletrónica, e os franceses L’Eclair, que deixaram toda a audiência do palco Vodafone.FM a dançar de forma efusiva. É caso para ecoar o post que a pessoa que estava à nossa frente no concerto colocou no Instagram: “Os L’Eclair foram a melhor coisa que a França nos deu”.

No palco Vodafone esteve também Yellow Days e no Vodafone.FM os Surprise Chef e Molchat Doma. Nu Genea e John Talabot animaram os corajosos que aguentaram para o after.

O festival continua amanhã, sexta-feira, dia 19, com Ty Segall, The Blaze e Arlo Parks.

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