www.dn.ptdn.pt - 2 jul. 19:58

Só a amarela de Van Aert conseguiu ofuscar o 'conto de fadas' de Jakobsen

Só a amarela de Van Aert conseguiu ofuscar o 'conto de fadas' de Jakobsen

A incrível odisseia de Wout van Aert na Volta a França teve este sábado a merecida recompensa, com o ciclista belga a ofuscar a primeira vitória do estreante Fabio Jakobsen na prova, ao vestir finalmente a amarela.

Na sexta-feira, um dececionado Van Aert (Jumbo-Visma) antecipou que seria possível chegar à liderança do Tour nos dias seguintes e, menos de 24 horas depois de tornar-se um 'meme' pela cara de espanto que exibiu quando o compatriota Yves Lampaert (Quick-Step Alpha Vinyl) lhe negou a vitória no 'crono' inicial, subiu ao pódio para vestir a amarela, apesar de ter sido novamente segundo, desta vez atrás de outro dos elementos da 'alcateia'.

"Uma [vitória em] etapa na Volta a França é algo com que sonho há 15 anos", confessou Jakobsen, depois de cumprir os 202,2 quilómetros da segunda etapa em 4:34.34 horas na dianteira do pelotão, onde chegou integrado o português Nelson Oliveira (Movistar).

Falar da história extraordinária de superação do neerlandês após a sua terrível queda na Volta a Polónia em agosto de 2020, que o deixou em coma induzido e 'obrigou' a várias operações de reconstrução do rosto, seria o mais fácil hoje, no entanto, o inqualificável belga, de 27 anos, merece ser o protagonista: 'WVA' foi segundo na tirada, atrás de Jakobsen, e à frente do dinamarquês Mads Pedersen (Trek-Segafredo), mas as bonificações permitiram-lhe 'roubar' a liderança a Lampaert.

Vencedor de seis etapas no Tour, incluindo três no ano passado, o homem da Jumbo-Visma, uma das grandes figuras do pelotão atual, tentava desde 2019 vestir a amarela, sem sucesso, tendo passado sete dias como 'vice' da geral, uma condição que hoje foi herdada por Lampaert, segundo a um segundo.

Numa jornada em que o esloveno Tadej Pogacar (UAE Emirates), bicampeão em título e terceiro da geral a oito segundos de Van Aert, caiu a dois quilómetros da meta -- e cruzou-a a sorrir e com um pneu furado --, numa queda que deixou 'cortados' vários dos favoritos e também Ruben Guerreiro (EF Education-Easypost), todos eles creditados com o mesmo tempo do vencedor, os motivos de interesse foram muitos.

O inédito 'Grand Départ' da Dinamarca, com três desafiantes etapas, abriu uma miríade de possibilidades para os ciclistas locais, uma nova 'dinastia' no pelotão, que tem no carism��tico Magnus Cort um dos seus expoentes máximos.

E foi precisamente o homem da EF Education-Easypost a iniciar as hostilidades, no primeiro quilómetro dos 202,2 entre Roskilde e Nyborg, sendo prontamente acompanhado por Pierre Rolland, outro dos clássicos 'fugitivos' do Tour, e do companheiro do veterano francês na B&B Hotels-KTM Cyril Barthe, assim como do norueguês Sven Erik Byström (Intermarché-Wanty-Gobert).

À partida, Magnus Cort assumiu sonhar com a famosa camisola às bolas vermelhas e, durante a tirada, não escondeu a sua pretensão, sendo o primeiro a passar em Asnaes Indelukke, a primeira subida categorizada desta edição (uma quarta categoria), responsável por separar os fugitivos, que nunca tiveram mais de três minutos de vantagem.

Os ciclistas nórdicos ficaram isolados na frente -- Rolland e Barthe foram alcançados ao quilómetro 96,5 - e foram discutindo entre si os pontos na montanha, com Cort a levar a melhor e a celebrá-lo como se tivesse vencido a etapa, conquistando a camisola que procurava e tornando-se o primeiro dinamarquês a liderar a classificação da montanha desde Michael Morkov há 10 anos.

Cumprida a sua missão, o corredor da EF Education-Easypost deixou Byström como derradeiro fugitivo, numa iniciativa anulada a 31 quilómetros da meta.

Na aproximação à temida ponte do Grande Belt, a Jumbo-Visma reposicionou-se no pelotão, lado a lado com a UAE Emirates e a INEOS, antecipando movimentações nos 18 quilómetros expostos a fortes ventos laterais, situados mesmo antes da meta.

O nervosismo entre os corredores tornou-se evidente quando o camisola amarela Yves Lampaert caiu, à entrada da travessia, mas, num gesto de 'fair-play', o pelotão decidiu abrandar o ritmo para aguardar pelo belga.

A queda 'retraiu' os ataques e a etapa foi discutida ao 'sprint', conquistado pelo melhor 'sprinter' da atualidade, que, na estreia no Tour, somou a sexta vitória em grandes Voltas (tem cinco na Vuelta) e a 36.ª na carreira.

"Para mim, foi um processo longo, passo a passo. Muitas pessoas me ajudaram durante o caminho. Esta é a minha forma de agradecer-lhes [...]. Estou feliz e ainda adoro andar de bicicleta e competir e, por sorte, ainda consigo vencer. É um dia fantástico e gostaria de agradecer a quem me ajudou a chegar aqui", resumiu o ciclista de 25 anos.

No domingo, o pelotão despede-se da Dinamarca, nos 182 quilómetros entre Vejle e Sønderborg, com Van Aert a envergar o símbolo de líder de uma classificação em que Oliveira é 52.º, a 52 segundos, e Guerreiro 147.º, a 1.39 minutos.

NewsItem [
pubDate=2022-07-02 20:58:00.0
, url=https://www.dn.pt/desporto/so-a-amarela-de-van-aert-conseguiu-ofuscar-o-conto-de-fadas-de-jakobsen-14988152.html
, host=www.dn.pt
, wordCount=733
, contentCount=1
, socialActionCount=0
, slug=2022_07_02_1808628310_so-a-amarela-de-van-aert-conseguiu-ofuscar-o-conto-de-fadas-de-jakobsen
, topics=[volta à frança, desporto]
, sections=[desporto]
, score=0.000000]