Afonso de Melo - 22 jun. 08:59
O Paraíso que não sai das ondas
O Paraíso que não sai das ondas
A diferença entre mim e eles, quando contemplamos esse céu de Verlaine, tão azul e tão calmo, é que há em mim uma vontade irresistível de Índia e eles se contentam com uma varanda em Alcácer.
O compositor alemão Jakob Liebmann Meyer Beer era de tal forma fascinado pelas óperas de Rossini que, a partir de certo momento da sua vida, preferiu italianizar o seu nome para Giacomo Mayerbeer. Morreu antes de ver subir ao palco a sua obra L’
Mayerbeer terminou A Africana em 1864 (ano da sua morte), mas nos anos-50, o dr. Francis Lefebure, um parisiense que tirou o curso de medicina mas acabou por se fanatizar pelo ocultismo por via da influência de Arthème Galip, ucraniano que, refugiado da IIGrande Guerra, desapareceria na América do Sul, passeou-se alegremente por Portugal assumindo-se como uma reencarnação de Vasco da Gama. Ninguém lhe prestou mais atenção do que a um pardal. Mesmo que suspirasse: “ò meu Paraíso saído das ondas...” Talvez porque as ondas continuem a encher as praias de lixo e o Paraíso não passe de uma promessa por cumprir. Hei-de perguntar aos pardais. Eles sabem tudo porque conhecem o céu. afonso.melo@ionline.pt