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A tradição da festa da Taça continua a ser o que era

A tradição da festa da Taça continua a ser o que era

Adeptos de F. C. Porto e Tondela em convívio muito saudável no exterior do Estádio do Jamor. Portistas enchem Sérgio Conceição de elogios, tondelenses querem ser felizes para afastar a despromoção

Milhares de pessoas em roulotes, tendas ou simplesmente em toalhas no chão vão cumprindo a tradição da Taça de Portugal, acompanhados de petiscos, nos já habituais churrascos com muita carne e cerveja à mistura. Num clima de felicidade, adeptos do F. C. Porto e Tondela aproveitam as últimas horas antes de todas as decisões entre amigos e família, naquilo que o futebol deve ser: uma verdadeira festa.

Fresco na cabeça dos dragões está ainda a reconquista do campeonato nacional, com recorde de pontos, que tem um obreiro principal. Quem o diz é Vítor Sá, adepto do F. C. Porto que desde que esteve em "cinco ou seis finais" mas que se afastou durante uns anos, até que Sérgio Conceição assumiu as rédeas da equipa. "O Sérgio Conceição é o grande homem do F. C. Porto. Contribuiu para que um clube, que não o meu, conseguisse igualar o pentacampeonato. Foi o Sérgio, não foi a administração. Estarei sempre com ele. Sair? Espero que não. Se sair, acho que sai bem, na altura própria e desejo-lhe as maiores felicidades", afirma. No grupo estava também Américo Oliveira, da freguesia de Cesar, concelho de Oliveira de Azeméis, que também enaltece o papel do técnico. "O Sérgio é um homem à minha imagem. Persistente. Quanto ao resto... O tempo o dirá", atirou.

Com a conquista do campeonato com pontuação recorde, a época do F. C. Porto pode tornar-se histórica com a conquista da Taça de Portugal. "Esta época fomos campeões como nunca, em situações muito difíceis. É provado que temos de jogar sempre o dobro", diz Américo Oliveira, com Vítor Sá a voltar a destacar o papel de Conceição. "Sem dúvida alguma, esta é das melhores épocas do F. C. Porto. Obra do Sérgio Conceição. Ser treinador do F. C. Porto ou de quem for e ir buscar jogadores que custam milhões não custa nada. Agora pegar em jogadores dispensados do F. C. Porto e metê-los a jogar... Tenho de dar os parabéns ao Sérgio", afirma.

Vencer para esquecer o adeus à Liga

Depois da descida de divisão do Tondela no passado fim de semana, a Taça de Portugal pode ser a salvação de uma temporada negativa. "Não é pela despromoção que não vamos estar na maior força. A equipa não fez o melhor para ficar na primeira... Mas são coisas que acontecem. Vamos estar confiantes para a final", garante Pedro Dias, num churrasco com amigos, também adeptos do Tondela, onde está Antero Costa, emigrado na Suíça mas que veio de propósito para ver o clube do coração no Jamor. "Isto ficará na minha história. Sou tondelense, sócio 81 do Tondela. Quando ganhámos 3-0 ao Mafra em casa, disse ao meu filho que íamos ver a final ao Jamor e cá estamos", afirma, ressalvando que tudo é possível no jogo decisivo.

"Não sei como é que a equipa estará depois da descida, mas espero que façam um bom jogo e que lutem. Não há impossíveis no futebol. Se o resultado já estivesse traçado, não havia jogo", afirma. "Ganhar esta Taça ficaria na história do clube", acrescenta.

A recente descida, ainda assim, é vista como uma tristeza não só para o clube, mas também para a região. "Foi duro, o Tondela andou sete anos na primeira e só em duas épocas é que chegou ao final folgado, nas outras andou sempre com a calculadora na mão. Este clube é de tostões, não é de milhões como o F. C. Porto, mas é um clube sério. Os jogadores que lá jogam são sérios nos seus deveres com a equipa. É pena na zona centro não haver uma equipa na primeira liga. Já houve o Viseu, o Beira-Mar... Mas agora desce o Tondela e ficamos sem equipas", diz ainda Antero Costa. "A descida vai trazer retrocessos à economia de Tondela mas vamos ficar confiantes que vamos regressar à primeira", acrescenta Pedro Dias, assegurando ainda um regresso rápido. "Próxima época? É descer e subir".

Prognósticos com confiança dos dois lados

Os dragões venceram os dois jogos para o campeonato com o Tondela, mas nem isso abala a confiança dos adeptos beirões em ver o seu clube levantar a Taça... Nem que seja nas grandes penalidades. "Se não for durante o tempo regulamentar, que seja nos penáltis. Quem sabe", confia Antero Costa. Já Pedro Dias reconhece as dificuldades, mas tem prognóstico favorável. "Temos sempre hipóteses para ganhar, não há vencedores antecipados. O Tondela ganha 1-0, não interessa quem marca", assume.

Do lado do F. C. Porto, a confiança é maior e há quem preveja... Goleada. "Não vou dizer as táticas, mas o Porto vai visionar como é que o Tondela se vai dispor. Vamos atacar para marcar golos, jogamos sempre para ganhar e nunca para o contra jogo. Previsão? 4-1!", atira Américo Oliveira. Para Vítor Sá, a chave está nos minutos iniciais. "Hoje ganhamos. Se o Porto marcar cedo, o Tondela como está em baixo leva muitos... Se não marcar cedo, diria 2-0. No início do jogo eles vão estar com aquela coisa, de salvarem a época. Mas nós temos melhor equipa e se marcarmos um golo cedo vai ser sempre a abrir", afirma.

Festa para graúdos... E miúdos

Muitos dos milhares de adeptos nos arredores do Jamor eram crianças, muitas delas a assitirem à primeira final da Taça de Portugal, numa imagem que assegura a passagem geracional do futebol. João Freitas, 11 anos, adepto do F. C. Porto, explica a paixão azul e branca que até podia ter sido pelo... Benfica. "Eu no início era para ser do Benfica... O meu avô era do Benfica, mas como o resto da família é toda do F. C. Porto, fiquei do F. C. Porto", diz, destacando Vitinha e Uribe como jogadores favoritos e elogiando Sérgio Conceição. "Os meus jogadores favoritos são o Vitinha e o Uribe. Gosto do Sérgio Conceição, ele mudou bem a equipa, antes eram pessoas velhas e agora está a meter pessoas mais novas como o Diogo Costa e o Vitinha e agora somos uma equipa melhor e com um grande futuro", afirma, dizendo que "queria ser jogador de futebol", mas que "há pessoas muito melhores que eu. Prefiro dar lugar a eles", afirma.

O clima de festa, no entanto, foi a imagem de marca deste aquecimento para o jogo. "Isto é tudo uma festa, chegámos de manhã sem nada planeado e este amigo que veio connosco mandou-nos juntar e confraternizar, a comer e beber. Nunca tinha vindo ao Jamor e vim ver o meu Tondela porque dificilmente voltarei a ver na final do Jamor. Este ambiente está super. Já dei a volta aqui, que o jogo corra bem, que não haja distúrbios", pede Antero Costa, do Tondela, situação que Américo Oliveira confirma. "Isto aqui é a festa da Taça! É mais importante que o jogo. Nós temos dois salões de festas, aqui o parque do Jamor... E o outro", diz, bem disposto. "O jogo é secundário, isto aqui é a festa do futebol!", acrescenta Vítor Sá.

A festa da Taça continua a ser das tradições mais vivas do nosso futebol. Que o jogo seja também uma festa é o desejo de todos os adeptos.

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