apfigueiredo - 20 mai. 08:30
Visão | Segurança baseia-se na realidade, não em ideologia
Visão | Segurança baseia-se na realidade, não em ideologia
Suécia e Finlândia têm oscilado as suas políticas externas por uma neutralidade sui generis, num arco que foi da não beligerância à recusa de alinhamentos militares permanentes, passando pelo aumento dos seus orçamentos de Defesa ou pela manutenção do serviço militar obrigatório. Esta evolução estratégica clarificou-se com o final da Guerra Fria, ao entraram para […]
Suécia e Finlândia têm oscilado as suas políticas externas por uma neutralidade sui generis, num arco que foi da não beligerância à recusa de alinhamentos militares permanentes, passando pelo aumento dos seus orçamentos de Defesa ou pela manutenção do serviço militar obrigatório. Esta evolução estratégica clarificou-se com o final da Guerra Fria, ao entraram para o programa Parceria para a Paz da NATO (1994), juntamente com Estados de Leste, dos Balcãs, do Cáucaso, da Ásia Central e até a própria Rússia. Foi esse o círculo de parcerias desenhado para acomodar as várias geografias com estabilidade intermitente, tendo quase todas percorrido essa antecâmara de adesões futuras, alinhando compromissos políticos, meios técnicos e exercícios regulares com os padrões da NATO.
Em 2017, quando visitei Estocolmo e mantive contactos com políticos, jornalistas e analistas, existiam duas dinâmicas paralelas com efeitos na segurança nacional, agravadas pela invasão e anexação da Ucrânia três anos antes. Uma manifestava-se pelas ações intimidatórias da Rússia, quer no plano da desinformação, quer no domínio verbal sobre quaisquer intenções de adesão futura à NATO, quer ainda por várias incursões com submarinos em águas territoriais perto de Estocolmo e aeronaves no espaço aéreo sueco. Em março de 2017, a Suécia anunciou a restauração do serviço militar obrigatório, abolido em 2010, após 109 anos.