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Comércio eletrónico cresce 11% até setembro mas inflação trava consumo

Comércio eletrónico cresce 11% até setembro mas inflação trava consumo

Estudo da Salesforce diz que consumidores estão a pagar mais este ano pelos mesmos produtos adquiridos em 2020. Análise teme efeitos da inflação e receia estagflação.

O comércio eletrónico mundial cresceu 11% no terceiro trimestre de 2021, face ao período homólogo, conclui o Shopping Index Report da Salesforce, divulgado esta quarta-feira. Contudo, a subida da inflação causa receios e baixou o tráfego online em todas as categorias e setores, sendo que os consumidores pagaram mais 12% pelos produtos adquiridos.

O crescimento do e-commerce (comércio eletrónico) ocorre "sempre" da combinação entre o aumento no tráfego e o gasto dos consumidores. Ora, desta vez, assistiu-se a um crescimento "impulsionado inteiramente pelo crescimento do gasto por parte do consumidor", enquanto o tráfego online diminuiu 2%.

Ou seja, os consumidores foram menos vezes às compras por via eletrónica, mas, quando foram, gastaram mais do que em igual período do ano passado. O estudo da Salesforce não considera este resultado "surpreendente", visto que o desconfinamento abre caminho "às vidas normais" dos consumidores, o que "significa menos visitas online e mais tráfego físico".

Apesar do declínio do tráfego online, o aumento dos gastos assegurou o desempenho "forte" do e-commerce, que recuperou dos "parcos 2% do trimestre anterior".

O problema do crescimento do comércio eletrónico pela via do crescimento dos gastos dos consumidores (+13% até setembro) é que gera incerteza, pela pressão que coloca numa economia mundial que ainda está a sair da pandemia. Ou seja, este aumento dos gastos no consumo coloca questões sobre a inflação.

"À medida que a economia emerge da pandemia, era expectável que a inflação tivesse um efeito temporário sobre os preços mas, oito meses depois, a realidade é clara: a inflação veio para ficar por muito mais tempo do que pensávamos inicialmente. Impulsionada por uma maior procura por parte dos consumidores, por maiores gastos governamentais, escassez de mão de obra e crise nas cadeias de abastecimento, a realidade é que a inflação está a ter um impacto significativo na carteira dos consumidores", indica o estudo.

Ora, a analisa da Salesforce sobre os dados transacionais de compras online indica que "a inflação está a afetar o retalho e o consumo a um ritmo mais rápido". Entre julho e setembro, os consumidores em todo o mundo pagaram 12% a mais pelos mesmos produtos que compraram no mesmo período de 2020.

Observando os produtos que acabam de chegar ao mercado, o crescimento do preço "é ainda mais expressivo", sendo os novos produtos colocados no mercado "a um preço médio 14% superior aos novos itens que chegaram ao mercado no terceiro trimestre de 2020".

"Torna-se claro que os consumidores estão a pagar mais pelos seus produtos, o que leva inevitavelmente a alterações nos hábitos de consumo, a uma oferta restrita e ao desemprego elevado, com o mundo a caminhar para períodos de estagflação", lê-se.

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