visao.sapo.ptPaulo Matos - 27 out. 13:20

Exame Informática | Impacto vs Potencial da televisão interativa em tempo real na televisão tradicional

Exame Informática | Impacto vs Potencial da televisão interativa em tempo real na televisão tradicional

“Imagine poder votar no melhor em campo ou eleger o melhor golo num jogo de futebol, deixar a sua opinião e avaliar os resultados num acompanhamento de eleições ou mesmo interagir diretamente com os comentadores em painéis ou programas de opinião” – a opinião de Ricardo Rosa, co-fundador da Go Rate

A forma como nos relacionamos com a televisão mudou. Hoje, o conteúdo chega por todos os lados: no tablet, no telefone, no computador e ainda na televisão – que nos dias que correm são todas smart, dando-nos acesso ainda a mais conteúdos.  Com o aparecimento das VOD’s (Video On Demand) e OTT’s (Over The Top), as televisões lineares tradicionais enfrentam novos desafios – com audiências cada vez mais exigentes, que não querem anúncios publicitários, que querem ver o que querem ver quando querem ver, com capacidades cada vez mais tecnológicas – tudo isto aliado a uma capacidade de concentração menor e onde o telemóvel é parte integrante do processo, distrativo ou não. Assim, para não perderem competitividade as televisões necessitam de acompanhar o ritmo da tecnologia e responder aos desafios de forma inteligente e inovadora para agarrarem as suas audiências e adquirirem novas.

Uma das soluções que os broadcasters têm ao seu dispor passa pela criação de plataformas competitivas, utilizando como base os VODs e OTTs. Contudo, este é um desafio enorme, tendo em conta que as infraestruturas têm custos que tradicionalmente seriam investimentos únicos, mas, numa altura onde o Software As A Service (SaaS) começa a ser predominante, deparam-se com custos regulares. Naturalmente, são custos que têm dificuldade em passá-los aos clientes, pois estes já pagam pelos serviços por cabo e, geralmente, já são também clientes de outras plataformas On Demand disponíveis no mercado. A solução tem, portanto, que ser outra.

É perante este cenário que começam a aparecer novas soluções para comunicar e interagir com os telespectadores de modo a gerar alguma diferenciação. Seja através das redes sociais, aplicações móveis nativas ou códigos QR, todos os veículos são uma mais-valia para “agarrar” a audiência e criar ‘engagement’ com o canal.  

Foi durante o Campeonato Mundial de Surf – na etapa do México – que foi criada uma plataforma que permitia a comunicação com e dos telespectadores. Através de um código QR que era colocado no direto, os telespectadores podiam fazer diversas interações relacionadas com o evento (qual o surfista preferido, quem vai ganhar o heat, avaliação das ondas, entre outras), assim como colocar questões para os próprios comentadores do canal. As informações eram preenchidas e enviadas através de uma webapp (não necessitando de uma APP nativa) e, de uma forma simples e ágil, o canal colocou On Air gráficos com os dados estatísticos das avaliações do público e gerou conteúdos focados na sua audiência – para que os próprios comentadores tivessem mais material com que trabalhar. Dessa forma, foi visível a voz da audiência que acompanhava o canal, como que de uma recompensa se tratasse.

Além de criar uma nova forma de comunicar, os canais têm agora, ao seu dispor, uma fonte de receita adicional – com venda de publicidade. Do outro lado, os patrocinadores olham para estas novas plataformas como uma possibilidade de chegarem ainda mais perto do telespetador, pois além da própria webapp fazer referência às marcas, têm ainda o benefício de poderem negociar diversas maneiras de aparecer durante uma transmissão – através de gráficos dos dados estatísticos e gráficos com os comentários da audiência. Em paralelo, existe toda a integração com as redes sociais, potenciando ainda mais a participação das pessoas.

Em Portugal, este foi o primeiro passo, mas estou confiante que a margem de progressão para este tipo de plataformas é enorme. Imagine poder votar no melhor em campo ou eleger o melhor golo num jogo de futebol, deixar a sua opinião e avaliar os resultados num acompanhamento de eleições ou mesmo interagir diretamente com os comentadores em painéis ou programas de opinião.

As possibilidades são virtualmente infinitas. Caberá aos broadcasters adotarem este tipo de plataformas e adaptá-las da melhor forma possível às suas estratégias de comunicação, tendo sempre como objetivo final disponibilizar um serviço de mais qualidade aos seus espetadores e sobretudo que crie ‘engagement’ – uma das mais importantes palavras do momento no mundo digital.

E assim se constrói algo diferenciador onde literalmente todos ganham: os broadcasters, os patrocinadores e, acima de tudo, o telespectador.

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