jn.pt - 26 out. 01:00
Crise inevitável?
Crise inevitável?
Eleições antecipadas? Tudo se encaminha para essa solução ao parecerem esgotadas todas as hipóteses de aprovação do Orçamento do Estado para 2022. Garantida, salvo algum golpe de mágica, citando Jerónimo de Sousa, está uma crise política. A pergunta é saber o que justifica uma crise política neste momento e se todos os intervenientes neste processo fizeram tudo o que estava ao seu alcance para a evitar.
Justifica-se que os portugueses sejam chamados outra vez a eleger o Parlamento, em consequência de os partidos políticos não conseguiram um entendimento que permita aprovar as contas do próximo ano? Parece estarmos perante a fatalidade de apenas conseguirmos estabilidade quando existe um Governo de maioria absoluta. E não será isso uma debilidade da nossa democracia? Não deveríamos ter já a maturidade necessária para conseguir estabelecer pontes, fazer cedências?
Depois de o Bloco de Esquerda ter anunciado a sua intenção de votar contra o Orçamento, as atenções viraram-se para o Partido Comunista (PC), fragilizado pelas recentes autárquicas. A resposta chegou clara: O PC deverá votar contra e sem grandes hipóteses de mudar de posição, embora todos os intervenientes mantenham a abertura para negociar.
De pouco valeu que António Costa se tenha visto obrigado a fazer um pedido de desculpas público a alguns parceiros da Concertação Social por ter anunciado - por lapso ou intencionalmente - medidas de âmbito laboral sem consultar os patrões.
Poderia o Governo socialista, que em dois mandatos consecutivos tem governado sem maioria absoluta, com o apoio das esquerdas, ter ido mais longe nas cedências e mudar a legislação laboral? Poderia ter dado sinal de que estava disposto a governar à esquerda há mais tempo? Deixar tudo para o último minuto pode ter consequências irreparáveis para todos. Sobretudo para os cidadãos.
Editora-executiva-adjunta