visao.sapo.pt - 22 set. 20:00
Visão | Alemão recusa máscara e mata funcionário de estação de serviço
Visão | Alemão recusa máscara e mata funcionário de estação de serviço
Morte do trabalhador-estudante de 20 anos, com um tiro na cabeça, está a agitar a classe política em semana de eleições para encontrar sucessor de Angela Merkel. Suspeito alega que estava com raiva devido às restrições impostas pela pandemia
Um trabalhador-estudante de 20 anos, empregado numa estação de serviço, foi assassinado na Alemanha por um cliente que se recusou a usar máscara. Após uma primeira tentativa falhada de comprar cerveja, por não acatar a lei que obriga ao uso de proteção facial em estabelecimentos comerciais, o cliente de 49 anos voltou alguns minutos mais tarde, já com uma máscara mas caída debaixo do queixo. De novo, o empregado informou-o de que teria de a usar devidamente para poder entrar na loja de conveniência da estação de serviço. “De seguida, o agressor puxou de um revólver e disparou de frente na cabeça do caixa. A vítima caiu no chão já sem vida”, afirmou o procurador Kai Fuhrmann aos jornalistas, citado pela agência Reuters.
O homem de 49 anos, cujo nome nome não foi divulgado pelas autoridades, é um cidadão germânico que fugiu do local após o crime, ocorrido na noite de sábado passado, 18, na cidade de Idar-Oberstein, terra natal do conhecido ator norte-americano Bruce Willis, não muito longe da fronteira com o Luxemburgo. Na manhã seguinte, porém, o suspeito entregou-se numa esquadra de polícia, alegando que se tinha deixado levar pela raiva. Segundo o procurador, ele admitiu que se sentia “encurralado” pelas medidas restritivas de combate à pandemia da Covid-19, “cada vez mais violadoras dos seus direitos”, e não viu “outra saída” depois de ter sido chamado à atenção para usar máscara.
O caso surge em vésperas das eleições deste domingo, 26, para encontrar o sucessor de Angela Merkel. Alguns grupos de extrema-direita, cujo principal partido, o AfD (11% nas intenções voto), tem feito campanha contra as vacinas e os confinamentos, mostraram simpatia pela atitude do suspeito, o que tem motivado algumas reações inflamadas por parte de membros do Governo e não só. “O Estado tem de conter a radicalização dos negacionistas do coronavírus que estão dispostos a usar a violência com todos os meios possíveis”, disse a ministra da Justiça Christine Lambrecht, enquanto o dos Negócios Estrangeiros, Heiko Maas, escreveu no Twitter que “o ódio e o incitamento dessas pessoas que não podem ser ensinadas dividem a nossa sociedade e mata”, referindo-se aos grupos que estão a apoiar o alegado criminoso. “Eles não têm lugar na nossa sociedade”, rematou.
Já Annalena Baerbock, dos Verdes, afirmou na mesma rede social estar “abalada por este terrível assassínio de um jovem que se limitou a pedir que as regras em vigor fossem seguidas”, ao passo que o secretário-geral do partido União Democrata-Cristã de Angela Merkel, Paul Ziemiak, sentenciou: “Um jovem foi executado virtualmente por apontar o requisito da máscara. Um nível de radicalização inconcebível!”.