www.jornaldenegocios.ptjng@negocios.pt (Jornal de Negócios) - 1 ago. 21:26

Pedro Nuno Santos será provavelmente o líder do PS a seguir a António Costa

Pedro Nuno Santos será provavelmente o líder do PS a seguir a António Costa

No seu espaço de opinião habitual na SIC, o comentador Marques Mendes fala sobre a pandemia, a vacinação, a remodelação governamental e possíveis saídas, entre outros temas. E comenta o facto de Rui Rio ter acabado com o tabu da sua eventual saída.

A PANDEMIA

  1. As medidas que hoje entram em vigor são as que aqui antecipei na semana passada (fim das restrições horárias e do recolher obrigatório, aposta nos certificados Covid). São medidas positivas.
  2. Do ponto de vista sanitário significam duas coisas: primeiro, que hoje é o princípio do fim deste processo de confinamento; depois, que tudo isto só é possível graças ao sucesso da vacinação. Se não fossem as vacinas, continuávamos em casa e a "fadiga pandémica" arrastava-se;
  3. Politicamente, significam a "reconciliação" de posições entre o PR e o Governo. Há mais de um mês que Marcelo "forçava" um desconfinamento mais rápido. O Governo resistia. Agora aproximara posições, o que é bom.
  4. Economicamente, são um bom sinal de abertura, sobretudo para o comércio e a restauração, os sectores mais fustigados. Com tudo isto, podemos terminar o ano com uma boa recuperação económica.
  5. Psicologicamente, acabam com o pesadelo das quintas-feiras. A ideia de todas as quintas-feiras se estar dependente de mais uma ou outra restrição aprovada pelo CM, já causava quase tanto stress quanto a pandemia.
  1. Só dois reparos: o primeiro sobre os jovens. Adiar a abertura das discotecas, ainda que com limitações de entradas, é uma violência para os jovens e um erro para a saúde pública. Festas selvagens na rua são piores que festas controladas nas discotecas. O segundo reparo é sobre os idosos em lares. Continua a saga da desumanidade. Nalguns lares os idosos continuam a ser tratados não como pessoas mas como mercadoria.

A VACINAÇÃO

  1. Vacinação de crianças entre os 12 e 15 anos – A DGS decidiu não recomendar a vacinação nesta faixa etária. Pessoalmente, a minha sensibilidade até ia no sentido oposto , o da vacinação. Mas eu não sou médico nem especialista. Posto isto, só dois apontamentos: primeiro, Graça Freitas foi corajosa e independente. Concorde-se ou discorde-se da decisão, a verdade é que decidiu contra a pressão política, desde logo do Governo; segundo, o que é difícil de compreender é que haja um critério no Continente e outro na Madeira. Parece que temos dois Países!
  1. Posto isto, vamos ao estado da arte:
  2. Uma má notíciaA vacinação pelo mundo está muito desigual. UE e EUA estão muito bem. África está com números excepcionalmente baixos. O que é  Enquanto o mundo não estiver todo vacinado, não acaba a pandemia nem se evitam novas variantes.
  3. Uma boa notícia – Portugal dentro da UE é dos melhores a vacinar. Estamos no 5º lugar e muito acima da média europeia.
  4. Uma excelente notícia – O número de pessoas mortas com Covid depois da vacinação completa é muito baixo. Em várias faixas etárias. O que prova que a vacina protege mesmo. Não a 100%, mas de modo muito profundo. O que significa que vale muito a pena vacinar.
  5. Ritmo de vacinação da semana – Novamente bem. Já vamos com 12,2 milhões de doses administradas; 68,2%% da população com pelo menos uma dose e 56,5% com a vacinação completa (dados oficiais de hoje).
  6. Objectivos para Agosto: a previsão da task force é atingir em 15 de Agosto o objectivo de 76% de portugueses com uma dose e o objectivo de 66% com vacinação completa e em 1 de Setembro 85% com uma dose e 68% com vacinação completa.

REMODELAÇÃO DO GOVERNO

  1. Terminado o debate do Estado da Nação, o grande desafio do PM é a remodelação do Governo. Toda a gente sabe que vai suceder. O que falta saber é quando e como. Será em Agosto, Setembro ou Outubro? E quem vai sair? Há muitos especulações e sondagens a esse respeito. Aqui deixo as minhas previsões. Não são informações. São previsões.
  1. Comecemos por um grupo de cinco Ministros que muitos apostam que vão sair mas que, nas minhas previsões, não sairão do Governo.
  • Tiago Brandão Rodrigues – Várias sondagens dizem que os portugueses desejam a sua saída. Não me parece que saia. É amigo do PM e tem o seu claro apoio.
  • Marta Temido – Pode-se gostar ou não da Ministra da Saúde. Mas é a Ministra mais popular do Governo. Esta popularidade é um grande seguro de vida.
  • Ana Mendes Godinho – Teve dificuldade em adaptar-se à pasta. Cometeu alguns erros. Melhorou muito. O PM aprecia-a e apoia-a. Não sai.
  • Pedro Nuno Santos – Será provavelmente o líder do PS a seguir a António Costa. Com este estatuto só sai do Governo se ele próprio quiser. E ele não quer sair.
  • Alexandra Leitão – Não se tem adaptado bem à pasta que tutela. Mas é adorada pelo PM. Sair do Governo não sairá. Mas pode mudar de pasta.
  1. Vejamos, agora, os quatro Ministros que é provável que saiam do governo:
  • Eduardo Cabrita – A saída deste Ministro é inevitável. Na prática, não haverá remodelação sem a saída do MAI.
  • Francisca Van Dunen –Já esteve para sair, por sua iniciativa, há dois anos. É muito provável que saia agora, pelo desgaste e por vontade própria.
  • Graça Fonseca –Tem oscilado entre algumas boas medidas e verdadeiros disparates. Mas é muito difícil aguentar-se, apesar da amizade do PM.
  • Manuel Heitor – Um homem tecnicamente competente que tem sido uma inexistência política. Dificilmente se aguentará.
  1. Finalmente, as dúvidas:
  • Augusto Santos Silva – Só sairá se ele próprio insistir em sair. Por vontade do PM não sairá nunca. E, se sair, é uma perda política para o Governo.
  • Serrão Santos – Ministro do Mar. O país não o conhecia há 2 anos. Continua a não o conhecer agora. É um ponto de interrogação.
  • Maria do Céu Antunes – Não foi a primeira escolha para a Agricultura há 2 anos. Andou sempre na corda bamba. Até perdeu uma parte do ministério. Mas, entretanto, fez a reforma da PAC. Será suficiente?

Eis as minhas previsões para a remodelação. Em Agosto, Setembro ou Outubro. As mudanças não andarão muito longe do que acabo de prever.

ENTREVISTA DE RUI RIO

  1. A entrevista de Rui Rio no Expresso é especialmente curiosa. Por duas razões:
  2. Primeiro: o líder do PSD reconhece que vai mudar de estratégia. Que vai apostar mais nas diferenças que tem com o PS. É positivo. O país precisa de ter uma alternativa. Para isso precisa de perceber onde é que o PSD é diferente do PS. Mas, para começar, a ideia de uma revisão constitucional não é famosa. Os portugueses estão preocupados com a economia, com o seu emprego, com a recuperação do seu poder de compra. Não ligam a revisões constitucionais. Acresce que negociar uma revisão constitucional é apostar na convergência com o PS e não na diferença.
  3. Segundo: Rui Rio acabou com o tabu da sua eventual saída. Ultimamente, tinha-se instalado dentro do PSD a ideia de Rui Rio poderia sair da liderança pelo seu pé a seguir às eleições autárquicas. Eu nunca acreditei nisso. Mas havia muito boa gente, seus apoiantes e seus adversários, a defender essa ideia. Agora, esse tabu acabou. Rio foi claro: quer ser PM, vai a jogo no próximo Congresso e até vaticina que não terá um adversário forte.
  1. Aqui chegados, há duas questões que se colocam: quem pode disputar a liderança a Rio? E Rio pode perder? Analiticamente falando, eu diria:
  • Primeiro: não havendo Passos Coelho, pode haver vários candidatos contra Rui Rio: Montenegro, Pinto Luz, Moreira da Silva, Pedro Duarte, Paulo Rangel. Mas o mais bem posicionado neste momento é provavelmente Paulo Rangel.
  • Segundo: Rio ganhar ou perder a eleição vai depender sobretudo da oposição interna estar unida ou dividida. Se estiver dividida, como da última vez, Rio ganha. Se estiver unida, tudo pode suceder.

PORTUGAL A PERDER POPULAÇÃO

  1. Censos 2021 – Portugal a perder população, pela primeira vez desde a década de 60/70 do século passado. Não é uma grande surpresa. Mas é uma enorme preocupação. Provavelmente o problema mais sério que o país tem pela frente. Se esta tendência não se inverte, temos pela frente um desastre demográfico, um desastre económico, um desastre para a segurança social e para as reformas futuras, até um desastre do ponto de vista anímico e da auto-estima nacional.
  1. Esta é daquelas matérias que deveria exigir um acordo nacional, de fomento da natalidade e da população. Um acordo impulsionado pelo PR e envolvendo Governo, partidos políticos, municípios e parceiros Primeiro, porque inverter esta tendência é tarefa de vários governos e de várias legislaturas; depois, porque é preciso um programa global de acção e não apenas medidas pontuais. Vejamos a título exemplificativo:
  • É preciso uma política inteligente de atracção de imigração qualificada;
  • É preciso uma política arrojada de habitação com rendas acessíveis;
  • É preciso uma política ambiciosa de apoio à natalidade com uma rede nacional e gratuita de creches, infantários e jardins de infância;
  • É preciso que as autarquias e não só o Estado sejam agentes activos na atracção de investimento e na criação de riqueza. O exemplo de Braga é notável e devia ser estudado e multiplicado. Um concelho que inovou, investiu, atraiu imigração, criou riqueza e cresceu em população.
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