observador.ptObservador - 31 jul. 00:00

É dia de celebrar a língua portuguesa

É dia de celebrar a língua portuguesa

Coimbra incorporou a língua portuguesa na candidatura que lhe valeu o reconhecimento como Património da Humanidade. É o lugar certo para criar o Polo Europeu do Museu da Língua Portuguesa de São Paulo

Estávamos no final de 2015 quando, pela televisão e pela internet, assistimos ao incêndio que destruiu o Museu da Língua Portuguesa em São Paulo. Aquele mês de dezembro ficará, por isso, marcado por uma sensação de perda. Seguramente, cada um dos milhões de falantes de língua portuguesa vivenciou um sentimento de frustração pelo facto de a magnífica interpretação museológica da disseminação histórica deste idioma – o mais falado no hemisfério sul – se ter perdido.

Seis anos depois, assistimos, hoje, 31 de julho de 2021, à reabertura do Museu de Língua Portuguesa em São Paulo. Reabre renovado, alinhado pelo rigor científico e pela sofisticação tecnológica que contribuíram para o seu prestígio e a sua atratividade e de acordo com o programa de sempre: documentar como a rica diversidade de itinerários históricos do português liga os 260 milhões de falantes que, nos quatro cantos do mundo e nos cinco continentes, fazem desta língua o idioma em que projetam a sua vida, a sua cultura, os seus negócios.

No dia em que, do outro lado do Atlântico, se celebra a língua portuguesa, quero referir o intenso trabalho conjunto que tem vindo a ser realizado em São Paulo e em Coimbra – cidades gémeas – para consolidar o firme propósito de criar em Coimbra – cidade candidata a Capital Europeia da Cultura em 2027 – o “Polo Europeu do Museu da Língua Portuguesa”. É um projeto âncora que resultará da parceria ativa assente num convénio envolvendo, entre outras instituiç��es políticas e económicas, a Fundação Roberto Marinho, no Brasil, de cujo Presidente recebemos testemunhos de um acompanhamento próximo.

A presença do Senhor Presidente da República, Prof. Doutor Marcelo Rebelo de Sousa, na cerimónia de reabertura, é a prova inequívoca da importância que Portugal reconhece ao Museu da Língua Portuguesa, reinventada ao longo de séculos pelos falantes de diversas geografias.

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Coimbra incorporou a importância da língua portuguesa na candidatura que lhe valeu o reconhecimento, pela Unesco, como Património da Humanidade. É uma cidade de conhecimento, geograficamente situada entre duas metrópoles nacionais. Foi e permanece o espaço urbano em que os contributos europeus se combinam criativamente com os de todas essas geografias. É o lugar adequado para que a criação do Polo Europeu ofereça múltiplas opções de celebração da história e da cultura da língua portuguesa.

Mergulhados há já 15 meses numa pandemia que, sem precedentes, nos limitou, precisamos de voltar a imaginar o futuro. Ouvir os sons do mundo. Reescrever uma história desvanecida pelas chamas e pela cinza. Reimaginar novas geografias onde se fale, onde se aprenda e onde se reinvente a língua portuguesa. Como fizeram os povos e os grandes escritores.

No momento que resgatamos, revitalizando-a, uma história desvanecida pelas chamas e pela cinza, asseguramos o legado e a força indiscutível da língua portuguesa. Em São Paulo, a partir de hoje. Em Coimbra, num futuro próximo que também começa hoje.

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