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Médicos de Saúde Pública admitem necessidade de desconfinamento "recuar um passo" em todo o país

Médicos de Saúde Pública admitem necessidade de desconfinamento "recuar um passo" em todo o país

Gustavo Tato Borges critica, em declarações à Renascença, o atraso na definição de novas medidas de contenção da pandemia. Agora, será preciso cerca de um mês para reverter os atuais números, sublinha.

O vice-presidente da Associação de Médicos de Saúde Pública, Gustavo Tato Borges, admite que Portugal continental pode ter de recuar no desconfinamento devido ao avanço da pandemia de Covid-19.

A entrada do território continental na zona vermelha da matriz de risco - com mais de 120 casos por 100 mil habitantes - pode obrigar a medidas mais duras para travar o aumento de infeções e ganhar tempo para a nova variante Delta, como esta segunda-feira também admitiu a ministra da Saúde, Marta Temido.

Em declarações à , o vice-presidente da Associação de Médicos de Saúde Pública, Gustavo Tato Borges, explica que estas medidas terão de ser definidas para todo o continente, e não apenas para a região de Lisboa e Vale do Tejo (LVT), que tem dois terços do total de novas infeções.

“Pode levar à necessidade de colocar novas medidas ou até mesmo de parar o plano de desconfinamento, e recuar um passo. Se nós pusermos muitas medidas para Lisboa e Vale do Tejo e nenhumas à volta, os lisboetas vão, como é natural, pegar no seu carro e sair, meter-se no avião e ir para o Algarve ou para as ilhas. Para serem eficazes, as medidas têm que ser a nível nacional”, defende Gustavo Tato Borges.

O especialista admite que a medida não vai ser popular, mas “o país precisa de perceber que enquanto não estivermos todos no mesmo ritmo e na mesma onda, no continente, será difícil termos o Norte a desconfinar, Lisboa a confinar e o Centro no meio termo”.

“Não dá”, alerta o vice-presidente da Associação de Médicos de Saúde Pública, que critica o atraso na definição de novas medidas de contenção da pandemia. Agora, será preciso cerca de um mês para reverter os atuais números.

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“Tivessem sido tomadas medidas há algumas semanas, a esta altura podíamos estar agora com a situação controlada. Com a situação como está agora, vamos precisar de um mês para poder reverter a situação que temos, pela carga de doença que existe e pela quantidade de pessoas não detetadas que, possivelmente, continuam a circular.”

Nestas declarações à , Gustavo Tato Borges critica a proibição de sair e entrar na Área Metropolitana de Lisboa (AML) ao fim de semana. Para o especialista em Saúde Pública, esta é uma medida muito pouco eficaz e insuficiente.

“Essa medida foi tomada, única e exclusivamente, para tentar impedir a saída de pessoas de Lisboa e de levar a doença para fora. Mas, se tivermos um copo de água suja no meio de uma tina com água normal, se o copo sair a água suja-se por todo o lado. E aqui, basicamente, à semana não existe copo, não existe limitação. As pessoas circulam na mesma e só fazer a separação ao fim de semana é insuficiente.”

O especialista em Saúde Pública sente, ainda, a falta de mais medidas específicas para a travar a Covid-19 em Lisboa e Vale do Tejo.

Tato Borges sublinha que, nesta altura, Portugal arrisca-se a sair dos chamados “corredores verdes” dos diferentes países. O setor do turismo pode perder mais um Verão, com as inevitáveis consequências económicas, alerta.

“Não foram tomadas medidas, não foi controlada a situação, os casos explodiram e agora temos Portugal preso a uma realidade de Lisboa e Vale do Tejo. E não vale a pena dizerem que não morre ninguém e há poucos internamentos. Os países europeus que viajam para cá não estão preocupados com os internamentos e os óbitos, estão preocupados com o número de casos e a possibilidade de poderem importar uma estirpe nova. Se Portugal não controla os seus casos, o turismo português vai perder o corredor verde e vamos ficar ainda pior em termos económicos.”

O vice-presidente da Associação de Médicos de Saúde Pública considera que vai ser inevitável que a variante Delta do vírus da Covid-19 passe a ser predominante em Portugal.

A melhor maneira de a combater será a vacinação que, por sua vez, terá de ser acelerada, nomeadamente nas faixas etárias mais baixas, defende Gustavo Tato Borges.

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