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Visão | Dormir menos de sete horas por dia na meia-idade aumenta risco de demência

Visão | Dormir menos de sete horas por dia na meia-idade aumenta risco de demência

A partir de dados recolhidos ao longo de 30 anos, sobre quase oito mil pessoas, cientistas estabelecem ligação entre horas de sono aos 50 e 60 anos e aparecimento de demência na terceira idade

Durante o mais recente programa Fronteiras XXI, sobre o tema das demências, a neurocientista e investigadora do Instituto de Medicina Molecular, Luísa Lopes, deixou um alerta: “Em Portugal valorizamos pouco o sono”, sendo que uma das formas de manter a saúde do cérebro é “dormir de forma adequada”.

Há já algum tempo que os cientistas suspeitam de uma relação entre as horas que passamos a dormir e o risco de desenvolver patologias que afetam a capacidade cognitiva e a memória. Um estudo acabado de publicar na revista Nature Communications veio ajudar a esclarecer a natureza desta relação. “Aqui revelamos um maior risco de demência associado a durações de sono de seis horas ou menos, quando comparado com as normais sete horas, em pessoas na casa dos 50 e dos 60 anos”, escrevem os autores do artigo.

Para este trabalho, foram analisados dados de 7959 britânicos, recolhidos ao longo de 30 anos, e não restaram dúvidas de que a falta de sono persistente dos 50 aos 70 anos está associada a um aumento de 30% no risco de desenvolver demência, independentemente de outros fatores, como os sociodemográficos, comportamentais, cardiometabólicos e de saúde mental. “Estas descobertas sugerem que a falta de sono na meia-idade está associada a um aumento no risco de demência mais tarde”, resume-se.

Até agora, os trabalhos que procuraram esclarecer uma relação entre as duas questões tinham seguido os voluntários apenas nos dez anos anteriores ao aparecimento dos primeiros sintomas, chegando a resultados pouco conclusivos.

Dos cerca de oito mil voluntários seguidos, 521 vieram a apresentar sintomas de demência. No entanto, os autores do trabalho sublinham que não foi ainda demonstrada uma relação de causa/efeito. Um sintoma comum nestas doenças é precisamente a alteração dos padrões de sono. Porém, continua por esclarecer se a falta de sono está na origem do problema ou se já é uma manifestação, precoce, da própria doença.

No trabalho agora publicado e coordenado pela Universidade de Paris, foi usada uma base de dados do University College, de Londres e o artigo está disponível online.

Se relativamente ao sono ainda não é bem conhecida a relação, há comportamentos relativamente aos quais os cientistas não têm dúvidas. Para preservar a saúde do seu cérebro deve: praticar exercício físico, manter uma alimentação saudável, vigiar a saúde cardiovascular, não fumar nem beber e evitar o multitasking.  

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