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Operação de resgate ao fado batido

Operação de resgate ao fado batido

Bate-fado, da dupla de criadores Jonas & Lander, inaugura, na terça-feira, às 19 horas, a 5ª edição do DDD. Ao vivo, no Grande Auditório do Teatro Rivoli, no Porto.

Jonas Lopes e Lander Patrick conheceram-se na Escola Superior de Dança, em Lisboa, quando um frequentava o terceiro ano e o outro o primeiro. Foi uma história de amor "à quinta vista".

À medida que a intimidade foi crescendo, edificaram um mundo de partilha criativa que, ao fim de três anos de contaminação, decidiram fundir. A Rede 5 Sentidos fez com que tivessem, a partir de 2019, muitos espetáculos em território nacional. Mas ainda antes disso conseguiram congregar êxitos internacionais em países como a Alemanha, a Lituânia, Républica Checa e Suécia.

Quando apresentaram o primeiro trabalho - "Cascas de Ovo" (2013) -, mostraram uma linguagem coreográfica abertamente queer, irreverente e jovem. A criação surgiu num momento em que, na ânsia de passarem férias juntos, decidiram ir a um festival em Itália, em que apenas lhes pagavam as viagens.

Desde o início, o seu trabalho sempre foi bastante marcado pela utilização de um corpo-ritmico em que a música é usada enquanto veículo dramatúrgico, muitas vezes resultando num desdobramento da composição entre a música e a dança, músicas dançadas e danças musicais. Um traço que é muito evidente na criação "Adorabilis" (2017) e, agora, também, em Bate-fado, a peça de abertura da 5ª edição do DDD. Eles são uma das duplas criativas mais interessantes da nova geração da dança contemporânea nacional.

Apesar de serem muito rigorosos com o tempo, com a luz e com as movimentações, o que é visível em obras como "Matilda Carlota" (2014) ou "Lento e Largo" (2019), têm liberdade total nas temáticas e nas referências, incluindo ideias e associações de forma desprendida. Neste fulgor inventivo, fundaram em 2015 uma casa de fados de nome Sinistra, em Sintra, que é simultaneamente a sua sede de trabalho.

Entre o fado e o flamenco

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É neste contexto que chegam a "Bate-fado", uma obra coral com três músicos, cinco bailarinos e uma fadista, numa operação de resgate ao fado batido. O trabalho contou com o apoio da Casa-Museu Leal da Câmara, do Laboratório de Investigação de Práticas Artísticas da Universidade de Coimbra e do Museu Bordalo Pinheiro. O filme "Fados" (2012), de Carlos Saura, que teve a consultoria artística de Carlos do Carmo, também já tinha abordado esta temática.

Apesar de estarem presentes sobretudo no Alto Ribatejo e na Estremadura, os fados batidos existem em todo o território nacional. Há uma linha de investigação que atribui este fado dançado a uma importação do Brasil. Se atualmente é uma roda de pares, o fado batido terá começado como um exercício de destreza em que ganhava às "pernadas" quem resistisse mais tempo de pé. Um exercício de percussão e um sapateado enérgico para desenhar os compassos da guitarra.

Este recurso as sapateado tem sido utilizado em projetos musicais recentes, como o Fado Violado, que mistura fado e flamenco, e também em temas do Fado Bicha.

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