eco.sapo.pteco.sapo.pt - 14 abr. 19:27

Presidente da Anivec acredita que setor do vestuário arranca em setembro

Presidente da Anivec acredita que setor do vestuário arranca em setembro

César Araújo está confiante que indústria da moda vai retomar em setembro e que "o mercado do consumo vai abrir e a procura vai disparar para níveis semelhantes ou superiores antes da pandemia".

A indústria do têxtil e vestuário foi das mais afetadas pela pandemia a nível global. Com as lojas fechadas, as fábricas paradas e os consumidores em teletrabalho e com recolher obrigatório, as vendas globais da moda diminuíram entre 15 a 30% em 2020 em comparação com 2019. A Europa foi a região mais afetada com os impactos da Covid-19 ao registar quebras nas vendas entre 22 e 35%.

Em Portugal, o ano passado, a quebra do volume de negócios na indústria têxtil e vestuário rondou os 15%, de acordo com as estimativas da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal (ATP). No entanto, a associação refere que nesta estimativa não estão presentes os dados dos grossistas e retalhistas.

Apesar da indústria da moda em Portugal está a ser bastante afetada pela pandemia e numa situação fragilizada, o presidente da Associação Nacional das Indústrias de Vestuário e Confecção (Anivec), César Araújo, acredita que que o têxtil e o vestuário têm condições para arrancar em setembro.

“Acredito que vamos arrancar com a indústria do vestuário em setembro. O plano de vacinação vai trazer uma confiança redobrada aos consumidores. Caso não estejamos vacinados, não arrancamos. É fundamental vacinar a população toda para termos condições para retomar a atividade”, adianta César Araújo, na Conferência digital ModaPortugal, que decorreu esta quarta-feira, organizada pelo Centro de Inteligência Têxtil (Cenit) em parceria a Anivec.

O presidente da Anivec acredita que esta crise será “seguida de um período de muitas oportunidades”. César Araújo acrescenta que “o mercado do consumo da moda vai abrir e a procura vai disparar para níveis semelhantes ou até superiores aos da época pré pandemia”, destaca.

“A Europa continua a ser a maior potência mundial na área da moda e Portugal não pode descurar o papel neste importante ecossistema. A indústria têxtil e vestuário representa um dos melhores setores que a economia nacional possui e podemos dizer que é uma das melhores do mundo”, lembra o presidente da Anivec.

Para César Araújo, a economia circular, a sustentabilidade e a criação de marcas próprias a partir de Portugal são áreas fundamentais para a manutenção desse papel. “Se conseguirmos dinamizar a nossa indústria exportadora estaremos preparados para dar resposta ao novo ciclo que se avizinha”.

O ministro da Economia, Pedro Siza Viera, que marcou presença online na conferência, concorda que a indústria têxtil e de vestuário foi “severamente impactada pela pandemia a nível global pelos efeitos da pandemia”. Siza Vieira destaca que “as pessoas ficaram em casa e consumiram muito menos aquilo que usam para sair de casa”.

Siza Vieira está consciente que a “retoma foi muito mais lenta que aquilo que era desejável”, mas tal como o presidente da Anivec acredita que a procura “reage muito mais rapidamente assim que se levantem as restrições”. O ministro da Economia, exemplifica que na Ásia, nos EUA e em todas os países onde a situação epidemiológica já está mais controlada “assistimos a um crescimento muito grande e muito significativo na despesa realizada em vários setores, incluindo naquelas mais impactados”, realça o ministro da Economia. Siza Vieira acredita que Portugal “tem razões para estar confiante relativamente ao futuro e à retoma”.

Vendas online disparam em cenário de pandemia

A adoção digital disparou durante a Covid-19 e muitas marcas adotaram inovações digitais, tais como as compras sociais, o chat de serviço ao cliente e a transmissão de conteúdo em direto. De acordo com o relatório da Business of Fashion e da McKinsey & Company, em apenas oito meses, a taxa de penetração das vendas digitais a nível mundial verificou um aumento equivalente a seis anos de crescimento.

As vendas de moda online a nível global quase duplicaram, de 16% para 29% das receita total. Face a esta aceleração digital, 71% dos executivos de moda esperam que o negócio online cresça 20% ou mais este ano.

Antonio Gonzalo, sócio da McKinsey e líder da prática da indústria da moda e do luxo em Espanha que marcou presença na conferencia digital ModaPortugal, disse que “a crise intensificou as principais tendências de consumo que já estavam a moldar a indústria da moda, especialmente a aceleração na adoção do canal digital, que em oito meses registou um crescimento equivalente a seis anos. É tempo de rever e elevar o nível de ambição para o marketing de canais digitais e explorar novas vias de relacionamento com os clientes, rever as prioridades da empresa e acelerar seletivamente a digitalização”.

O ministro da Economia corrobora a ideia de Antonio Gonzalo e destaca que está a decorrer uma “migração dos clientes tradicionais da indústria têxtil e de vestuário portuguesa para o canal online” e realça que o “crescimento deste canal é muito significativo”.

Face à alteração dos hábitos de compra fruto da pandemia, Siza Vieira lembra que “aqueles que melhor souberam adaptar-se a estas circunstâncias, foram também aqueles que melhor conseguiram manter uma relação com os consumidores e assegurar um nível de vendas adequado perante este período da pandemia. No futuro, estas tendências vieram para ficar”.

“Os clientes vão estar cada vez mais no mundo digital e cada vez mais escolher, pagar e relacionar-se através desses canais. É muito importante que em toda a cadeia de valor da indústria têxtil e vestuário sejamos capazes de aproveitar o potencial das tecnologias digitais para manter melhor contacto com os clientes. É um desafio muito significativo e a indústria têxtil e de vestuário portuguesa tem que estar preparada para enfrentar“, destaca o ministro da Economia e da Transição Digital.

Face à necessidade de apostar nos canais digitais, Siza Viera destaca que no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) “vai colocar à disposição do país e da indústria da moda recursos importantes para investir na transição digital”.

Aqueles que melhor souberam adaptar-se aos canais digitais, foram também aqueles que melhor conseguiram manter uma relação com os consumidores e assegurar um nível de vendas adequado perante este período da pandemia. No futuro estas tendências vieram para ficar.

Pedro Siza Vieira

Ministro da Economia

O administrador da Twintex, Mico Mineiro, refere que com a pandemia “o online está a viver um momento único e vai sair mais forte da crise”, apesar de considerar que “não é um negócio brilhante”. O administrador da Polopique, Luís Guimarães, lembra que “são poucas as empresas portuguesas que tem venda online“, embora destaque que “os clientes aumentaram as vendas online que vinham a crescer a um ritmo muito lento”.

O presidente da Anivec e fundador da Calvelex, César Araújo, relembra a importância de Portugal ter as suas marcas próprias e lembra que “não existe online sem marcas próprias”.

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