www.publico.ptpublico.pt - 5 mar. 06:00

Só metade da população mundial vive em democracia

Só metade da população mundial vive em democracia

O mundo mudou. A democracia está a perder terreno e as respostas dos governos à pandemia piorou a saúde dos regimes políticos.

Quando se fala em democracias, há uma frase muito conhecida que vem logo à cabeça. A do antigo primeiro-ministro britânico, Winston Churchill, que disse que “a democracia é o pior dos regimes, à excepção de todos os outros”. Sendo o menos mau dos regimes políticos, quando comparado com as alternativas, deveria ser o mais fácil de encontrar pelo mundo fora. Mas não é: uma imagem do mapa-mundo mostra bem que as democracias não abundam e a pandemia não ajudou. 

Um estudo publicado em Fevereiro deste ano pela revista The Economist revela que apenas 49,4% da população mundial vive em democracia e só 8,4% deste universo experimenta a democracia plena. Por outro lado, mais de um terço da população mundial vive num regime autoritário, com a população residente na China a representar uma fatia importante. 

A análise ao número de países — em vez da população aponta na mesma direcção. O Índice de Democracia para 2020 um indicador construído pela The Economist Intelligence Unit calculado para os 167 países indica que em 75 existem regimes democráticos. Ou seja, também aqui são menos de metade (44,9%) os países que têm regimes políticos participados pelos cidadãos, sejam eles democracias plenas ou democracias com falhas (categoria esta onde se inclui Portugal). Por outro lado, existem 92 países ou territórios entre os analisados onde se verificam regimes mistos ou autoritários. Apesar de algumas melhorias face a 2019, visto que há mais democracias plenas e menos regimes mistos, no ano passado o número de regimes autoritários cresceu, de 54 para 57, e o número de democracias com falhas regrediu de 54 para 52. 

Há outro dado que reforça a preocupação com o que se passa no mundo no que toca a regimes políticos. Os peritos da The Economist que construíram este Índice de Democracia calculam que no ano passado ele recuou para 5,37 pontos (numa escala de 0 a 10), face aos 5,44 pontos observados no ano anterior. “Este é de longe o pior resultado global desde que o Índice foi produzido pela primeira vez em 2006”, lê-se no relatório. 

O indicador para os anos mais recentes tem mostrado que a democracia não mostra uma “saúde robusta há algum tempo” e a maior economia a nível mundial, os EUA, apresentam uma democracia ameaçada pelo aumento da polarização e a redução da coesão social. O ano passado serviu de teste ao regime com a pandemia por covid 19. “O resultado de 2020 representa uma deterioração significativa e ocorreu em grande parte  mas não exclusivamente por causa das restrições impostas pelos governos às liberdades individuais e civis que ocorreram em todo o mundo em resposta à pandemia do coronavírus”, dizem os especialistas. 

O estudo da The Economist reforça a ideia transmitida pelo relatório do Instituto Variedades da Democracia (V-Dem), da Universidade de Gotemburgo, na Suécia, conhecido em Abril do ano passado e que se refere a 2019. “Pela primeira vez desde 2001, as autocracias estão em maioria”, dizem os peritos em regimes políticos, precisando que são 92 países os que estão nesta situação (que abarca regimes autoritários e quase autoritários), o que equivale a 54% da população mundial. 

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