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Costa: Com instabilidade política “não conseguiremos cumprir” o plano de recuperação e “não teremos segunda oportunidade”

Costa: Com instabilidade política “não conseguiremos cumprir” o plano de recuperação e “não teremos segunda oportunidade”

Em entrevista ao Público, o primeiro-ministro afirma que o país tem “uma enorme responsabilidade pela frente” com o Plano de Recuperação e Resiliência. No balanço da pandemia, Costa enaltece o Estado Social e destaca o “falhanço” das “visões neoliberais”.

No rescaldo da crise pandémica, Portugal terá uma "enorme responsabilidade pela frente". As palavras são do primeiro-ministro, António Costa, em entrevista ao jornal Público desta sexta-feira. Além da execução dos fundos comunitários do Portugal 2020 e do início do Portugal 2030, o país terá de provar ter capacidade para executar os objetivos do Plano de Recuperação e Resiliência, que tem "uma grande complexidade de controlo por parte da Comissão na sua execução". 

O primeiro-ministro admite que o "grau de imprevisibilidade" que vai guiar a governação nos próximos meses "é hoje muitíssimo superior do que seria em condições normais", e que "se acrescentarmos a isto tudo alguma dimensão de instabilidade política, provavelmente não conseguiremos cumprir o plano e não teremos uma segunda oportunidade". 

Costa acredita que "daqui a cinco anos, estaremos mais próximos da Alemanha do que estávamos há cinco anos". 


Em jeito de balanço do último ano, marcado pela pandemia de covid-19, Costa reconhece que a crise "deixou bastante evidente" algumas vulnerabilidades do país, como a precariedade do mercado de trabalho. "Grande parte das dificuldades que tivemos em encontrar medidas de apoio social tem a ver com a desregulação profunda do nosso mercado de trabalho e, portanto, por muitas das pessoas atingidas pela crise não se reconduzirem [enquadrarem] a nenhuma das figuras típicas do apoio social", sublinha. 

Por outro lado, destaca o primeiro-ministro, a pandemia também mostrou que os instrumentos do Estado Social, como o SNS e a escola pública, são "cruciais". Para Costa, a crise pandémica "foi o maior atestado de falhanço das visões neoliberais". 

Sobre as lições tiradas com a crise, António Costa aponta, por um lado, para a desadequação dos estados de exceção constitucional de que o país dispõe para a gestão de uma pandemia. Outra das lições foi o "novo consenso sobre a importância do SNS" e, por fim, a "necessidade de criar uma capacidade de resposta", sanitária, económica e social, para enfrentar crises como esta que, na visão do primeiro-ministro, ainda "está para durar".

A nível europeu, o chefe do Governo espera que, passada a crise, "haja ruturas", nomeadamente ao nível da reindustrialização e da diversificação de fontes de abastecimento. "Foi com a pandemia, podia ser com uma guerra, podia ser uma rutura num gasoduto de abastecimento, numa via de comunicação. Um mundo em que 80% dos principais ativos dos medicamentos são desenvolvidos num único país [Índia] é um mundo pouco seguro", conclui.

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